Adeus 2024 (não deixarás saudades), quo vadis 2025?

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José Ribeiro
Professor de Políticas Públicas

Despedimo-nos deste velho ano de coração nas mãos e saudades do futuro. Um ano bárbaro. Foram tantos os acontecimentos completamente contrários a uma ideia humanista do mundo que é difícil escolher o que mais angustia. Guerras e misérias, injustiças e mentiras, sofrimentos variados a esmo. Inconsequentes apelos à paz, indiferença perante um mundo que ferve e arde mais a cada ano, um Norte e Sul em desequilíbrio crescente, com os do Sul a procurar o Norte e o Norte desnorteado. Milhões fogem de vidas inimagináveis para os paraísos utópicos que são os países ocidentais, com estado social, liberdade, democracia, paz. Nestes gradam medos e desconfianças que políticos habilidosos e sedentos de holofotes e poder manejam com mestria, uma ideia de liberdade a decair, consentidamente a transformar-se em autoritarismo, trocando fatias de liberdade por uma ideia de segurança enganadora, com a promessa vã e falsa de que o “nosso modo de vida” não será beliscado. Trump foi eleito personalidade do ano pelo New York Times. Um ano para esquecer? Não. A história, a mais distante e esta de agora, é o melhor indicador do que pode acontecer e ainda melhor fonte de ensinamentos. Sabemos da queda dos grandes impérios, todos fortes e prósperos, mas que por uma ou outra razão, caíram. Estaremos a assistir a queda irremediável de mais um “império”? Estaremos perante a inevitável mudança que faz das camadas da História aparentes repetições? Nada aprendemos? Resta-nos acreditar que sim. Aprendemos e podemos mudar. Valhamo-nos dos velhos pensadores. Platão não acreditava na Democracia, para ele era uma das formas desadequados de governo, pois degeneraria em tirania, defendia um governante sábio, o filósofo-rei cuja formação o orientaria para a ideia suprema de bem. Com Aristóteles, definiu as nossas ideias primordiais de Estado, de justiça e de cidadania, Aristóteles defendeu que o político deveria administrar o bem comum, interligando ética e política: criar bons cidadãos, com base em leis justas, assentes na justiça enquanto virtude central. Não percamos isto de vista. E possamos, nesta altura de tantos balanços, perceber quais valores nos orientam e que lugar ocupam na “lista”. Do que estamos dispostos a abdicar por esses valores? Perguntar, como pergunta Sandel: “What is the right thing to do?”. Qual a coisa certa a fazer? Votos de um excelente Natal aos leitores da GC e de um Novo Ano repleto de realizações e de humanidade. ■

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