Caldas da Rainha: A Necessidade de Valorizar o Vínculo e o Património.

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Guilherme José
Livreiro “Malfeitor”

Urge a criação de uma nova linguagem simbólica que consiga capturar, com todo o respeito, a aura e o imaginário das Caldas da Rainha. Dessa forma, todas as sensibilidades, tanto estrangeiras quanto locais, sentir-se-ão incentivadas a mergulhar na nossa cultura e património local, sintonizando-se com o espírito tão característico da nossa cidade. É fundamental, como se sabe, manter o respeito pelos nossos monumentos e, para isso, não é apenas necessário preservá-los, mas também cuidar e atualizar com mestria o revivalismo que se pretende evocar e tratar.
Na minha opinião, as Caldas da Rainha necessita de uma nova investigação que explore novos conteúdos e recicle outros, a fim de que nos possamos reinventar e passar a assumir uma imagem ainda mais própria, sintetizada em vários tipos de linguagens visuais e digitais que alavanquem devidamente a nossa cidade sem a descaracterizar, e dinamizando consideravelmente a sua agenda cultural.
Com relativa facilidade, conseguimos posicionar-nos como uma referência no panorama da sustentabilidade, uma vez que possuímos o Parque D. Carlos I e a Mata Rainha Dona Leonor. Temos em potência um excelente património arquitetónico, desde obras de ideologia barroca, como o Chafariz das Cinco Bicas, que nos coloca em correspondência com outras cidades europeias que possuem certos símbolos em comum com os nossos. Possuímos, como se sabe, uma cerâmica própria que só na modernidade recebeu influências de artistas como Júlio Pomar e António Quadros. Temos as águas, as estruturas hidráulicas de influência renascentista, e os vestígios termais que deram origem à nossa própria mitologia local. Enfim, temos um poço de cultura e riqueza espiritual à espera de ser reaproveitado antes que passe definitivamente ao anonimato.
Cabe-nos a todos nós a devida promoção, mas para que tal aconteça, os caldenses devem ser incentivados a conhecer a sua própria localidade, de forma que a carreguem com orgulho para onde quer que se desloquem. Além disso, deve-se fazer tudo quanto possível para que se sintam estimulados a investir na sua própria “casa”, reunindo a sua legitimidade no local onde nasceram, cresceram ou, em alguns casos, decidiram vir morar. ■

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