Todos os dias de manhã, ao sair de casa, deparamos com desagradáveis novidades. Hoje, numa esquina, ontem, na parede de entrada de um prédio, antes de ontem, na base de uma montra de um estabelecimento comercial.
Hoje mesmo, foi num muppy da Rua Heróis da Grande Guerra. O que se vê agora neste equipamento destinado a dar informações? Um grande borrão a vermelho colado numa das faces do muppy, precisamente por cima do mapa da cidade.
Esta prática, é, infelizmente, uma constante nas ruas da nossa cidade. Não há parede que não se encontre preenchida por borrões das mais diversas cores, formatos e tamanhos.
Como as ruas se apresentam descuidadas, tal prática só vem acentuar o desleixado estado das coisas. A falta de asseio e o vandalismo que campeiam no ambiente dos espaços públicos não são um bom indicador do nível de civilização nem de boas práticas de cidadania.
Não se pode permitir que a cidade se mantenha refém de um qualquer bando de idiotas inúteis que se manifestam pinchando as paredes das nossas ruas com uns rabiscos ou arabescos que, se algum significado têm, é apenas o de um mau gosto intolerável.
O que nos insulta e nos agride, em cada rua, em cada esquina, em cada fachada, não são graffitis, são borradas. Existem na cidade dois ou três locais destinados ao graffiti. Nesse contexto, nada a opor. O que criticamos é o sem número de identificáveis borradelas por prolificam pelas paredes das nossas ruas, descaracterizando a cidade, tornando torpes os nossos espaços públicos.
Rodolph Giuliani, mayor da cidade de Nova York no período compreendido entre 1989 e 1994, considerou, e bem, os pseudo graffitis citadinos como um crime contra a propriedade privada e pública. Por isso, uma das suas políticas mais efectivas e eficazes, consistiu na proibição absoluta da pinchagem das paredes da cidade criminalizando a actividade e responsabilizando os respectivos autores. De par com esta linha de intervenção, uma outra permitiu dar à cidade, em pouco tempo, um ar mais cuidado, tendo em vista, também, a protecção do ambiente citadino: vidro encontrado partido, era imediatamente reposto. Coisas simples, que se mostraram de uma eficácia a toda a prova. Há mais exemplos de simples e boas práticas, mas fiquemos por hora, por aqui…
Salvaguardadas as respectivas proporções, não podemos nós, nas Caldas da Rainha, tomar como exemplo algumas destas formas de intervenção política que se revelaram ajustadas a uma metrópole como Nova York?
Numa cidade de pequena dimensão como é a nossa, não é seguramente um objectivo impossível de concretizar. A não ser que, por cá, seja impossível esperar uma atitude firme e não permissiva por parte de quem pode e manda. Será?
No mínimo dos mínimos, seria de toda a justiça que os autores das “borradas” fossem obrigados a limpar ou a caiar os borrões de que são autores e que desfeiam, agridem e vandalizam espaços públicos e privados na cidade.
Levada ao extremo, a permissividade raia a violação da cidadania.
Isabel Castanheira e Alexandre Tomás