A CP e os transbordos rodoviários na Linha do Oeste

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Sou cliente da CP desde Julho de 2006 e faço o trajeto entre Malveira e Caldas da Rainha cinco dias por semana. Ao longo destes 11 anos:
assisti a diversas alterações nos horários que em última análise até trouxeram mais clientes no dia a dia.
Sobrevivi a uma greve dos maquinistas e revisores que durou quatro meses, num dos quais só consegui usar o comboio 10 dias dos 23 que o poderia ter feito; sobrevive à utilização de comboios com problemas muito sérios, ficando várias vezes avariados a meio do caminho;
e, recentemente, desde Fevereiro deste ano, tenho sobrevivido a transbordos rodoviários com alguma frequência

Neste  último caso, estamos a falar de um comboio que deveria chegar às 9h21 às Caldas da Rainha e que, com os transbordos entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, a viagem tanto termina às 9h40 como às 10h20. Pela maior compreensão que eu possa ter, começa a ser difícil poder continuar no impasse diário de saber se vou ter uma viagem normal ou se vou passear pelas estradas entre Torres Vedras e Caldas, chegando a uma hora incerta ao destino.
Para além de manifestar o meu desalento em função do que acima expus, aproveito também para perguntar quando será electrificada a linha do Oeste. Recordo-me que já em 2007 um funcionário da CP dizia-me que já tinham passado energia elétrica ao longo da linha e que só faltaria colocar as catenárias e rebaixar os túneis de Torres Vedras. Desde essa altura, tenho ouvido falar de alguns estudos, um dos quais custou à CP/Refer perto de 1 milhão de euros, para a eletrificação e ouvi recentemente que a mesma estaria feita até 2020. Não consigo, por outro lado, perceber como é que ainda não investiram nesta solução, uma vez que a Linha do Oeste serve Lisboa e estou certo que, caso o trajeto fosse feito em cerca de 1h15/1h30 entre Caldas da Rainha e Sete Rios ou Entrecampos, muitos dos que hoje usam os autocarros teriam todo o interesse em passar a usar o comboio. Para além do mais, seria uma mais-valia para toda a zona oeste pelo aumento de moradores e de turistas que poderia trazer.
Sei que a CP/Refer tem feito todos os esforços para não falhar, nomeadamente, com o pagamento dos serviços de transbordo ou o envio durante a noite de uma composição de Leiria até Torres Vedras para que o serviço seja feito a bem dos seus clientes.
Acredito também que se encontram numa dúvida entre investir mais em automotoras a diesel ou tratar da eletrificação.
No entanto, para mim, enquanto cliente da CP, importa, em primeiro lugar, saber o que vai ser efetivamente feito e, em segundo lugar e no tempo mais próximo, ter a certeza de que estes transbordos deixarão de ser feitos nos dois sentidos (para Lisboa e/ou para Leiria), nem que para isso reponham em circulação mais automotoras Allan (apesar de serem equipamentos que já terão mais de 60 anos em termos da sua estrutura), ou então as antigas composições de máquinas e carruagens. Sei que são mais caras, mas é dever da CP assegurar o serviço que tem nos seus horários e não pode mais desculpar-se por não ter comboios. Esse problema não é dos clientes. É dos gestores da empresa e, em última instância do governo, que terá de resolver o problema.
Uma transportadora ferroviária tem de ter comboios da mesma forma que uma companhia marítima tem de ter barcos, ou uma transportadora aérea tem de ter aviões. É tão simples quanto isso.

Carlos Coutinho

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NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta à CP, convidando a empresa a explicar-se, mas não obteve qualquer resposta.

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