A velhinha tradição (134 anos consecutivos) da corrida de 15 de Agosto cumpriu-se com praça bem cheia e os forcados caldenses presentes numa corrida de verdadeiro êxito.
Uma organização profissional e impecável de Rafael Vilhais que começou no descarregar público dos toiros e acabou no final da corrida. O público correspondeu bem e também a empresa triunfou.
O principal ingrediente dum espetáculo tauromáquico é o toiro e estes não desiludiram constituindo um êxito da ganadaria com direito a volta do ganadero. Um curro de toiros negros (exceto um castanho de tipo um pouco diferente) bonitos, bem apresentados e com trapio que foram dos 500 aos 598 Kg e deram bom jogo investindo com alegria e codícia, não revelando crenças especiais.
Rui Fernandes atravessa um grande momento e o seu toureio atingiu a maturidade, o que se viu bem nesta tarde com duas lides completas bregando com gosto, conhecimento e elegância nos pormenores. Sereno e com um toureio muito templado provocou emoção e logrou grandes ferros com verdade em ambos os toiros. Tarde de triunfo inquestionável.
O jovem Jacobo Brotero esteve a gosto nas Caldas continuando a evoluir no bom caminho. Com alegria e irreverência conseguiu concretizar duas boas lides equilibradas, com momentos emocionantes e ferros valorosos. Triunfou tão forte como os seus colegas de cartel.
João Telles Jr. esteve triunfal na terra onde nasceu seu pai. Em época de êxitos e grande dinâmica também ele mostrou bom gosto e acerto nas bregas atingindo grandes momentos de verdade e emoção mas com temple e ferros de elevada nota.
Joaquim Brito Paes confirmou o que se tem dito sobre ele e que vislumbráramos aqui em Caldas aquando da sua apresentação. Com intuição graciosidade e garra mostra conhecimento dos toiros e um conceito correto de toureio, triunfando também.
Quanto aos forcados ambos os grupos estiveram empenhados, coesos e com recursos para ultrapassar os problemas, sem nunca virar a cara à luta. Todos citaram de longe com os grupos bem encostados às tábuas e lograram o êxito como os colegas de cartaz.
Pelo grupo de Forcados Amadores de Santarém, Luís Sepúlveda só agarrou o toiro (570Kg) à 4ª tentativa com ajudas carregadas, fisicamente diminuído, após na primeira ter recuado pouco sendo atingido no peito e na segunda não se ter fechado bem, tendo o toiro batido muita na terceira já um pouco carregada. Rúben Giovetti pegou muito bem, à 1ª, um toiro (585kg) que arrancou com pata, acoplando-se bem à investida do toiro bem ajudado. Francisco Graciosa pegou à 1ª apesar de ter adiantado os joelhos, o toiro (500Kg) permitiu que se emendasse e ficasse até ser ajudado. António Lopo de Carvalho esteve bem perante o novilho final (peso não revelado) e fechou-se bem.
O grupo de Forcados Amadores de Caldas da Rainha viu José Maria Abreu ser atingido pelo toiro (598 Kg) no alto e cair desmaiado saindo inconsciente. Na dobra Francisco Mascarenhas esteve bem, fechou-se mas junto às tábuas foi tirado acidentalmente pela ajuda. À 2ª voltou a estar e fechar-se bem prontamente ajudado. Francisco Rebelo de Andrade pegou muito bem, à 2ª, um toiro (530Kg) que na primeira o levou ao chão sem se deslargar mas repentinamente deu-lhe um derrote em moinho projetando-o à distância. António Cunha, muito bem, pegou um toiro (560Kg) algo tardo a investir mas com grande impetuosidade.
Dirigiu com acerto Francisco Calado e abrilhantou bem a Banda Comércio e Indústria de Caldas da Rainha.