Crónica Tauromáquica – O 15 de Agosto nas Caldas da Rainha: passado, presente e futuro…

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foto-15-de-AgostoCentro e trinta e dois anos ininterruptos (mais que a própria praça) é presente com muito passado e certamente futuro.
Organização eficiente e profissional de Paulo Pessoa de Carvalho, empresário com prestigiante passado, presente ativo e futuro auspicioso.
Boa e entusiástica moldura humana para ver os Vinhas que repetiam após o êxito do ano passado. Ganadaria com passado, presente e futuro. O mais pesado curro que vi este ano em 16 corridas assistidas, entre 530 e 590Kg. Bem apresentados (grande envergadura física e trapio), nobres, codiciosos, com complicações e também apontamentos de bravura. Toiros sérios perante toureiros e forcados sérios.
A terna de cavaleiros equivaleu-se no triunfo.
Rui Salvador (glorioso passado) 30 anos de alternativa, sobriamente homenageado pelo Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e pelo empresário, continua no um cavaleiro de primeira linha com futuro. Duas lides em plano de maestro, eficazes e galvanizadoras bastante aplaudidas pelo numeroso público presente.
Filipe Gonçalves (algum passado) é cavaleiro do momento que entusiasma as bancadas e assim continuará. Para lá do ajoelhar e bater palmas dos cavalos, das piruetas ajustadas, dos ladeios empolgantes desenvolveu duas lides variadas onde o verdadeiro toureio de frente ou a quiebro de alto a baixo no centro da sorte esteve presente.
Duarte Pinto tem (passado ainda curto) um bom presente com vários triunfos sonante e grande futuro. Clássico, sem concessões às galerias, toureia com verdade e o público acaba por entender e premiar. Não menosprezando os cumpridos, crava curtos cingidos atacando de frente, com primazia ao toiro, tentando cravar ao estribo.
A tarde era dos forcados em dia de mudança de cabo na sua terra, nos seus 21 anos. O passado viu-se em muitos dos 43 forcados fardados, já retirados, alguns mais volumosos, orgulhosamente presentes tal como outros que se viam nas bancadas. O presente esteve ao longo de toda a tarde e o futuro surgiu em alguns muito jovens fardados e nos miúdos que a eles se juntaram na habitual foto de família.
Tarde de emoção e compromisso com um curro sério e poderoso que não dava margem para erros foi positiva. Os forcados da cara estiveram corajosos e com muita vontade nunca virando a cara às dificuldades. Nas ajudas a habitual eficácia e coesão a que o GFACR nos habituou falhou por vezes, não tanto na coesão que acabou por sobressair, mas na prontidão da resposta, situação a ponderar para a próxima. A presença de tanta gente fardada que voluntariosamente saltou para arena na ansia de ajudar e a inclusão de antigos elementos retirados (foi bom rever Salvador Pereira e Henrique Frazão) interferiu  no funcionamento do grupo.
A mudança de cabo foi ao primeiro toiro, o novo cabo Francisco Mascarenhas (grande presente) pegou com primeira ajuda sábia do antigo cabo Nuno Vinhais (glorioso passado). Grande e rija pega bem ajudada seguida da despedida no centro da arena (sóbria como o Nuno Vinhais) e da justa homenagem pelo Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha já entre tábuas. José Sousa Dias (presente com passado e futuro) sóbrio e eficaz aguentou fortes derrotes, o toiro fugiu ao grupo e valeu a oportuna intervenção do antigo cabo que saltou as tábuas uma vez mais. Hugo Soares (certeza do presente) viu o toiro colocar a cabeça de lado e derrubá-lo. Voltou zonzo fez tudo bem e alapou-se na cara com o toiro a derrotar e rodopiar inviabilizando ajuda mais pronta, grande pega. Mário Cardeiro (presente com passado e futuro) não se fechou bem ficando pendurado e inexplicavelmente o grupo não ajudou. Na segunda um inesperado derrote alto que ecoou na praça não deu hipóteses, À terceira o toiro investiu a despejar, o grupo carregou e o forcado ficou bem a aguentar derrotes com braços de ferro. Francisco Rebelo de Andrade (passado glorioso ainda presente) calmo citou com galhardia e não se fechou com o toiro a ensarilhar. À segunda recuou mais e fechou-se mas o grupo tardou a ajudar e saiu. À terceira correto, fechou-se bem e aguentou fortes derrotes com o toiro a fugir ao grupo. António Cunha (grande presente com passado e futuro) viu o toiro tardar a investir e ensarilhar. Inteligente e conhecedor corrigiu à segunda recuando e enchendo a cara do toiro, sendo bem ajudado. Fechou com chave de oiro.
Direção sóbria e eficiente de Francisco Calado assessorado por uma veterinária e uma corneteira (presente e futuro da festa).

Rui Lopes
rjnlopes@hotmail.com