Simplicidade
Porque complicamos aquilo que, por natureza, é simples? Porque não simplificamos aquilo que, sendo complexo, ganharia em ser tratado de forma simples? Porque é que, noutros casos, julgamos simples aquilo que realmente é complexo e, por isso, devia ser tratado como tal? A noção exacta do que as coisas são, ou deveriam ser, não é fácil. Ter consciência disso e fazer por compreender a realidade tal como ela é, ou deve ser vista, é atributo dos bons profissionais. Os cientistas, por exemplo, usam (com vantagem) modelos para representar, de forma simples e compreensível, realidades que são complexas, mas não perdem a noção das limitações inerentes ao instrumento de análise.
Albert Einstein afirmava que “se não pudermos explicar algo de forma simples, é porque não o entendemos suficientemente bem”. Contudo, alertava para o perigo do simplismo, ao dizer que “tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não mais simples do que isso”. Ou seja, existe um grau óptimo de simplicidade, difícil de definir mas importante de identificar, o qual se infere da máxima “nada é tão simples, nem tão difícil, quanto parece”. A complicação, além de apanágio de mentes confusas, é fonte de poder para quem pretende que os outros dependam de si, da sua benevolência, dos seus favores. Ela torna a vida mais custosa e difícil, logo mais inacessível e injusta para as pessoas menos favorecidas.
Por outro lado, a complicação afasta-nos da essência da vida, distraindo-nos daquilo que verdadeiramente interessa e nos faz felizes. Foi também Einstein que declarou que “Deus prefere sempre a maneira mais simples” e que “quando a solução é simples, é Deus que está a dar a resposta”. Compreende-se, neste contexto, porque é que os comportamentos de privação nos aproximam do sentido da existência. Mas, noutra perspectiva, a complexidade pode ser fonte de prazer, sobretudo para as pessoas com elevada necessidade de cognição, levando o escritor Henry James a afirmar: “Detesto a simplicidade e rejubilo com todo o tipo de complicações. Se pudesse, pronunciava o meu nome James das maneiras mais diferentes e elaboradas que pudesse.”