“Decorativo, apenas?” Júlio Pomar e a integração das artes

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correio_leitoresPresente na inauguração da exposição comissariada por Catarina Rosendo no Atelier Museu Júlio Pomar (rua do Vale, 7 em Lisboa, patente de 5 de Maio a 4 de Setembro), falei com Júlio Pomar sobre a sua passagem pelo Estúdio Secla onde contactou e fez amizade com o “nosso” Ferreira da Silva. A sua ligação às Caldas materializou-se no belo fresco com esgrafito que executou na parede do Café Central.
Espaço concebido pelo arquitecto Francisco Castro Rodrigues para a família Maldonado Freitas. A colaboração de Pomar neste projecto, resulta do encontro com Custódio Maldonado Freitas, pai e filho com o mesmo nome, na cadeia do Aljube, presos políticos em 1947. O arq. Castro Rodrigues também lá estava.
Mário Soares e outros participantes no M.U.D. (Movimento de Unidade Democrática) nascido no pós-guerra (1939-1945) completavam o escol de resistentes a esses tempos sinistros, lá encarcerados na mesma altura.
Excelente exposição de um artista consagrado, em que se mostram soluções decorativas: altos relevos em alumínio batido, frescos, estudos de cor… e cerâmicas executadas na Cerâmica Bombarralense Lda e na Secla, todas de grande valor plástico: Arte Maior.
Esta minha intervenção inspira-se no excelente texto que foi distribuído na exposição e pretende homenagear todos os que nela são lembrados como artistas ou resistentes anti-salazaristas ligados de algum modo às Caldas da Rainha.
Cito: “A exposição retrata um tempo em que o tema da integração das artes, muito discutido nas revistas da especialidade de então, foi um dos vectores essenciais para requalificar e modernizar as vivências práticas dos indivíduos, realizar uma oposição ao Estado Novo ao nível das imagens e dos símbolos e reenquadrar o papel dos artistas numa função social que visava a melhoria dos quotidianos e se desdobrava em colaborações com outras áreas do saber, as quais, no seu conjunto, viriam a dar origem ao conceito e à prática do design tal como o conhecemos hoje.” – fim de citação.

J. Jorge Figueiredo Ferreira

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