Em dois minutos de leitura quero propôr-vos notas pessoais a acontecimentos e a protagonistas. Na minha primeira crónica, devido à actualidade desta semana, quero dedicar esse tempo a 4 notas das eleições internas do PSD onde participei como coordenador da moção de um dos candidatos:
O Oeste na Convenção Nacional de Pedro Santana Lopes: No passado fim-de-semana, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, decorreu uma original e inédita Convenção Nacional da sua candidatura. Tive orgulho em verificar a preparação do candidato e o conhecimento que tem do país. Ouvi-lo falar na sua intervenção final na necessidade de requalificação da linha do Oeste matéria que tanto nos diz respeito e que tanto ambicionamos só acentuou a sua capacidade de se relacionar com os problemas concretos dos portugueses. Fê-lo numa escala nacional numa identificação de velhos problemas que teimam em não avançar por todo o país. Falar de problemas concretos tem sido a sua estratégia. De problemas que dizem respeito às pessoas e aos concelhos, neste caso a Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e a todos os restantes municípios do Oeste.
Debate na RTP: Nunca tínhamos visto um consenso tão alargado sobre quem ganhou este primeiro e tão esperado debate. Estes tendem na maioria das vezes a discussões equilibradas e a gerar um certo empate final. O KO de Santana Lopes a Rui Rio como a imprensa largamente noticiou só aconteceu devido à enorme diferença de preparação dos candidatos e à insistência de Rio em querer fazer uma campanha a falar das ditas “trapalhadas” de há 14 anos atrás. Quando um político se quer afirmar pela negativa sai sempre derrotado. Quando não estamos verdadeiramente preparados para o cargo que disputamos, perdemos.
Ideias e programas: Como coordenador nacional da moção e do programa da candidatura de Pedro Santana Lopes onde apresentámos 221 medidas, distribuídas por 45 sectores e 3 grandes eixos temáticos, fiquei incrédulo com a falta de propostas da candidatura de Rui Rio e sobretudo com o argumento de que estas eleições não são ainda “o momento certo” como o próprio escreveu e afirmou para se apresentar um programa. Não concebo a política sem ideias e uma campanha sem confronto democrático à volta de propostas. Os militantes do PSD mereciam mais e os restantes portugueses também. Afinal o homem das “boas contas” acabou a pedir um cheque em branco. Mas é preciso mais. A política sem conteúdos e sem exigência e compromisso não deve triunfar.
A liberdade dos militantes. Por ser uma campanha renhida e com dois candidatos muitas das secções e das distritais deixou essa decisão apenas aos militantes: muitas não revelaram posições e os seus dirigentes por terem responsabilidades de direcção também não o fizeram. Outras preferiram anunciar O apoio a um dos candidatos. Seja qual fôr a decisão de cada um, o importante é não influenciar directamente os militantes e deixá-los votar em total liberdade. Sou dos que acha que para se votar no PSD não devia ser preciso pagar seja o que fôr. o voto é o plano mais básico da liberdade individual e há quem ache que este método actual possa servir para “pagar quotas” àqueles que vão votar no “nosso candidato”. A única que tentei pagar foi a da minha mulher e mesmo assim não consegui. Saberemos interpretar quem pagou muitas quotas à última da hora e o resultado a seguir nas urnas. Pagamentos maciços não podem dar resultados maciços num dos candidatos sob pena da descredibilização junto do eleitorado e no partido. A liberdade também vai a votos.
Telmo Faria