José Luiz de Almeida Silva
Há 97 anos, na edição de 11 de setembro de 1927, escrevia nestas colunas Nobre Coutinho, o diretor fundador da Gazeta em editorial, na sequência da promoção de Caldas a cidade, que “a nós só nos resta caminhar, caminhar sempre, entregando os destinos desta terra a quem pelas demonstrações da sua competência, da sua honestidade e do seu fecundo trabalho, a faça continuar na marcha a que tem direito.”
E terminava assim esse editorial: “Podemos estar certos de que não se dorme sob os troféus das batalhas já ganhas. Todos somos uma sentinela vigilante contra o funesto indiferentismo e contra a personalidade egoísta de quem não queira ser, pelos seus actos, continuador da obra encetada.”
Quase cem anos depois estas palavras continuam atuais, mas falta talvez a motivação, a força, o espírito de entreajuda, mesmo a divergência solidária e por vezes solitária, que una as forças locais para atingir novos desafios e se permita distinguir, do que os outros também merecedores de diferentes afirmações, consigam.
Os tempos mudaram e muito, o país integrado num mundo mais vasto, quer numa Europa Comum, quer num mundo mediatizado à saciedade, criando novas necessidades e obstáculos, exigem novas competências e visões, para afirmar aquilo que existe localmente de forma mais genuína.
Como temos dito, com frequência, é preciso estudar, conhecer-nos melhor e aos outros, e trabalhar na prossecução de novos objetivos que nos afirmem no mundo novo, diferente e mais exigente. 1927 é muito diferente de 2024. Será cada vez mais preciso caminhar, caminhar sempre, e com convicção e rumo congregando as atuais gerações de forma criativa! Caldas da Rainha é hoje também Cidade Criativa da UNESCO (palavra esquecida localmente) mas o que significarão para nós estas palavras?■