Embora se trate de uma espécie facilmente reconhecível, o estorninho pode ser confundido com o Melro-preto. Tal como este último, o bico amarelado e o corpo escuro, embora de cauda seja mais curta e de postura mais erecta, distingue-se pelas patas rosadas, pelos tons esverdeados brilhantes no corpo, que é mais compacto.
Também conhecido pelos nomes de Estorninho-azeiteiro ou Tordo-preto.
É um residente comum que podem ser observado ao longo de todo ano nas imediações da lagoa, por vezes em grandes bandos formados por dezenas ou mesmo centenas de indivíduos.
Na quinta do Negrelho, onde o meu amigo de infância, Luís Filipe, tem a sua Bovinocultura, é para eles uma excelente fonte de alimento, devido à existência de larvas e invertebrados e com a complementar ração do gado. Nos meses de inverno tornam-se mais frugívoros e a sua dieta torna-se mais à base de azeitonas, frutos e bagas.
Frequento amiúde uma aldeia transmontana, do concelho de Bragança, que se chama Grijó de Parada. É uma pequena aldeia com cerca de trezentos habitantes, terra de gente de trabalho, onde existem quatro famílias cujos apelidos são: a família Pássaro, a família Falcão, a família dos Cucos e a família dos Estorninhos, sendo as duas últimas uma alcunha gentilícia. Há ainda, em certas regiões, o hábito de usar alcunhas gentilícias, nem sempre pejorativas, muitas vezes assumidas com orgulho.
Era natural desta aldeia o Professor Rodrigues que, alguns dos caldenses mais velhos se lembrarão de terem sido seus alunos na escola primária, era pai do meu saudoso amigo Eng.º Henrique Costa Rodrigues e, onde a família mantém casa naquele pedaço de Reino Maravilhoso.
“Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Miguel Torga “In Um Reino Maravilhoso”
João Edgar
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