O rio da Pedra, mais conhecido por rio das penas, tem o início na freguesia da Benedita com as nascentes da Fonte da Senhora, Fonte Quente e Vale da Franca.
Na linha de água situada no Vale da Senhora e as Penas, lugar em vias de desaparecimento, situado na freguesia de Santa Catarina, existiam quatro ou cinco azenhas, hoje desactivadas. A água límpida corria no seu leito e servia para regar as hortas, as represas esperavam os alunos da Escola Primária da Benedita para tomarem banho no Verão. As enguias podiam ser vistas nos pegos. Em 1958 Eduardo Penas, antigo sapateiro da oficina de Joaquim Patareco, apanhou 300 exemplares. Nas suas margens havia salgueiros, choupos, freixos, amieiros, loureiros, ulmeiros, arbustos e diversas plantas. Nestes últimos anos deixou de ser visto o cuco, o papa-figos, o alvéola amarelo e o último bufo-real foi abatido nos anos 70.
Existiam também os ruivacos (achumdrostoma oligolepis) em linguagem popular “Reibacos”, conforme vem mencionado no livro “Antes que se apague a memória” (Página 113, de José Inácio Sobrinho).
Na Benedita eram conhecidos por robalos.
Ruivaco é um peixe de água doce, atinge 15 cm de comprimento, espécie endémica com milhões de anos de existência, muito idêntico no aspecto morfológico ao Ruivaco-do-Oeste. Foi repovoado recentemente nas ribeiras de Alcabrichel, Sizandro (Torres Vedras) e Safarujo (Mafra).
Razões que contribuíram para o seu desaparecimento:
colocação de lavadouros na Fonte da Senhora;
escassez de água com exploração de dois poços para abastecimento de água à Benedita;
descargas pecuárias;
descargas de águas residuais e domésticas;
descargas de esgotos;
depósito de entulhos;
destruição de galerias ripícolas;
Com o desaparecimento dos Ruivacos também os guarda-rios (aves) deixaram o seu habitat no início dos anos 60.
Fernando Maurício