Greve Climática

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Foi convocada para sexta-feira 1 de outubro uma greve climática, pelo movimento “Greve Climática Estudantil/Fridays for Future” em vários concelhos do país, incluindo Caldas da Rainha. Terminam a frase da convocatória, reclamando “planos sociais”. A expressão é de tal forma abrangente, que nela também cabe a falta dos ditos “planos sociais”, aplicados às populações das zonas do norte do país, afectadas pela exploração/extração do lítio a céu aberto, o que tem motivado contestação e manifestações das respetivas populações.
Num ”plano social” pensado para o efetivo bem-estar das populações, deverão caber medidas para criar postos de trabalho dignos, ordenamento territorial, atmosfera e água de todas as proveniências sem poluição.
O mundo não vai regressar ao paleolítico nem estes mesmos jovens se imaginam privados das novas tecnologias e do sonho de um dia terem um carro eléctrico (com baterias), onde em tudo o citado o Lítio entra e é imprescindível. Este problema, aparentemente insolúvel, não o é de facto. Exige decisões firmes e transparentes, não baseadas em interesses politicamente obscuros, negociando sem ser de joelhos as formas de extração, com os potenciais investidores na exploração do precioso metal. Se por um lado o país necessita de investimento externo, não pode ser a qualquer custo. A extração do Lítio não tem que ser a céu aberto, comprometendo a qualidade do ar e dos recursos hídricos. Aqui o Estado (local e central) tem por obrigação intervir, negociar, mesmo investindo para bem do país, sem a “pompa e circunstância” que acompanham as inaugurações que dão votos e onde inutilmente é gasto o dinheiro que infelizmente se destina a ser pago por vocês queridos jovens, e pelos vossos filhos e netos.
Sigam o conselho do Papa Francisco: Não se incompatibilizem com a política. Passem ousadamente do protesto à intervenção ativa. Sempre que necessário, “ponham as mãos na massa”, mas por favor não as sujem e acreditem sempre. O caminho é difícil mas está integralmente nas vossas mãos a construção dum mundo bem melhor, do que este que lamentavelmente eu e a minha geração vos deixamos. ■ Carlos Mendonça