Lições das autárquicas

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Uma citação correntemente atribuída a Albert Einstein diz que a definição de insanidade é fazer sempre a mesma coisa, esperando resultado diferente. A ser verdade, a oposição Caldense só pode ser insana. Ano após ano os partidos da oposição concentram a sua campanha eleitoral nas semanas que antecedem as eleições e centram o seu discurso no núcleo urbano. Depois usam armas originais como outdoors e frases feitas apelando a mais emprego e mais apoio social. Tenho 26 anos, e desde que me lembro esta tem sido a estratégia. Fico espantado que, nos discursos dos vários lideres da oposição, estes mencionem que esperam ganhar. Muito presunçosa oposição para tão parcos resultados! Vamos então às lições das autárquicas:
Primeira lição: o centro urbano (agora um pouco mais rural) representa 54,5% dos eleitores inscritos. Ora qualquer Professor dirá ao seu aluno que é um mau principio fazer um teste para tirar pouco mais de 50%. Então porquê fazer uma campanha centrada apenas em metade da população? Mais, no centro urbano, a abstenção situou-se perto dos 60% o que reduz para pouco mais de 22%, o publico a quem a oposição dirigiu eficazmente a sua mensagem.
Segunda lição: a arregimentação do PSD nas freguesias rurais é enorme. Muitas vezes baseada em pessoas simples que apenas querem acudir aos problemas dos seus sítios, sem que se identifiquem propriamente com qualquer ideologia. Muito medo tem a esquerda caviar de sujar os sapatinhos na lama e de ir perceber como pode ajudar essas populações, sem recorrer aos discursos paternalistas habituais.
Terceira lição: desde o 25 de Abril o PSD ganhou sempre nas Caldas. Sempre, excepto em 1982 quando o Eng. Paiva e Sousa ganhou. Sendo uma figura ilustre da cidade e com uma genuína preocupação em ajudar, focou-se no concelho como um todo e não apenas no centro urbano. Por isso apesar de ser um tecnocrata conseguiu o apoio popular em todo o concelho.
Nunca antes estiveram reunidas tantas condições para que a Câmara mudasse de mãos, e contudo, as expectativas goraram-se tal foi a ganância. A grande lição é que a oposição tem de se unir, pôr de parte egos pessoais e seleccionar um conjunto de pessoas de inquestionável valia que possam conceber uma estratégia abrangente para a cidade. Ponham os olhos na Madeira, o grande bastião laranja, onde a união das pessoas bastou para varrer o absolutismo decadente. Não basta ter um país a odiar o governo PSD e  ter um Presidente de Câmara de saída, também ajudava que a oposição tivesse uma estratégia.
Nelson Alves