Rosa Machado
Técnica Superior de Biblioteca e Documentação
Ainda noto uma certa confusão quando falamos de conventos ou mosteiros; eu própria, até há bem pouco tempo o fazia, e devo ao meu estimado amigo, Carlos Guardado da Silva, a explicação.
Conventos, para as ordens mendicantes, mosteiros, para as monásticas.
Nada tem a ver com estarem dentro ou fora da urbe; homens ou mulheres.
A diferença está nos objectivos religiosos prosseguidos pelos seus ocupantes.
Os frades ou freiras são religiosos que pertencem às ordens mendicantes (Franciscanos, Dominicanos, Agostinhos e Carmelitas), vivem em comunidade, e mantêm uma forte interacção com a sociedade que os envolve. O edifício assume a designação de convento.
Os monges ou monjas são religiosos que vivem, por definição, em clausura, em isolamento, recolhidos em oração, pertencentes às ordens monásticas (cistercienses, beneditinos…), não saindo, teoricamente, do local onde residem. O edifício tem a designação de mosteiro.
Curiosidades sobre algumas destas casas.
O Mosteiro de Odivelas – Conta-se que andando o rei D. Dinis à caça num sítio chamado Belmonte, da freguesia de São Pedro de Pomares, distrito de Beja, se perdeu dos companheiros. Ao passar por uma fraga, saltou sobre ele um enorme urso que o derrubou do cavalo e estava sobre ele prestes a tirar-lhe a vida. Na sua aflição, D. Dinis pediu a São Luís, bispo de Tolosa (seu primo), ainda vivo, que o salvasse daquele perigo e prometeu construir um mosteiro para a Ordem de Cister, na sua quinta de Vale de Flores em Odivelas, se saísse dali com vida.
O Santo apareceu-lhe e encorajou-o a puxar do punhal que trazia à cintura e a matar a fera. Cheio de ânimo, o monarca assim fez, livrando-se da morte. Cumprindo a sua promessa, no dia 27 de Fevereiro de 1295, veio com o Bispo de Lisboa, a Rainha e toda a Corte lançar a primeira pedra, estando também presente o Abade de Alcobaça. Este milagre está representado num dos pedestais da arca tumular, executada em vida do Rei.
O cronista diz: «Livre o Rei do urso ficou com grande devoção a São Luís, a quem mandara fazer uma capela no Mosteiro de São Francisco de Beja. Outro favor recebeu El Rei do mesmo Santo na própria cidade de Beja, no exercício da caça de volataria, ressuscitando-lhe um falcão que El Rei estimava muito, por ser o principal instrumento de seu alívio.»
Está incorrecto afirmarem que a construção da capela em Beja foi em agradecimento ao milagre do urso, quando o que o cronista diz, é que foi em resultado do milagre do falcão.
O Mosteiro da Madre de Deus, em Xabregas, foi mandado construir pela Rainha D. Leonor.
Em 1958, a minha Mãe levou-me lá, para ver a Exposição sobre esta Rainha. Recordo um dos nossos “cicerones”, o Sr. Manuel Estevens, e as conversas entre eles: por ex. que o local original do túmulo da Senhora não é o que conhecemos nos nossos dias. Refiro que, ao longo dos anos, no Convento, hoje Museu do Azulejo, penaliza-me bastante que, em visita guiada e colocando a questão à guia, tenha obtido como resposta que o local do túmulo é o original. Ora esta!!