José Ribeiro
Professor de Políticas Públicas
Nas autárquicas teremos o “Vamos Mudar” com uma novidade: o apoio do PS local, que não conseguiu contruir uma alternativa própria nos últimos 4 anos, enquanto o PSD (coligação AD) apresentou, sem surpresa, Hugo Oliveira, com a pseudonovidade de Fernando Costa encabeçar a lista para a AM. O mesmo anunciara (Gazeta das Caldas, agosto de 2024) que seria “candidato a candidato”, afirmando: “Já me ofereci ao PSD para ser candidato à Assembleia Municipal.”, na mesma entrevista referiu que caso não fosse o n.º 1 pelo PSD à AM concorreria com uma lista de independentes. Se foi este ocupar precoce do espaço político, o receio da lista independente ou verdadeira vontade de fazer regressar aquele que foi presidente da Câmara durante 27 anos, não sabemos, mas o PSD “convidou”, Fernando Costa “refletiu” e aceitou, parecendo que na verdade não deixou outra opção ao PSD. Realçamos ainda o jovem candidato da CDU, Duarte Raposo. Ao contrário do PS e PSD, a CDU não aparenta sofrer de dificuldades em revitalizar, rejuvenescer e encontrar pessoas com outras competências para além da habilidade para gerir o poder nas concelhias locais. No contexto atual, urge o PS e PSD reverem os processos democráticos internos e serem aliciantes para os eleitores mais jovens (que votaram maioritariamente no Chega nas últimas legislativas), é uma questão de sobrevivência, a experiência não é condição suficiente em política, condição bem mais central é a prospetiva e a proximidade à população, principalmente nas autárquicas. É sabido que foi Vítor Marques quem venceu em 2021, por pouco mais de 1300 votos, graças à competência demonstrada enquanto presidente de junta, mas principalmente pelo que é enquanto pessoa e cidadão: empático; disponível; afável e confiável. O seu bom nome bastará, a obra e os planos apresentados serão suficientes? Será convincente o trabalho desenvolvido na reorganização da Câmara, como o da vereadora Conceição Henriques, que na área da cultura dirigiu uma mudança assinalável? O PS ainda vale os 2400 votos de 2021 (altura na qual o PS nacional estava há um ano da maioria absoluta de A. Costa)? O VM ganhou nas duas freguesias urbanos, só em Nª. Sr.ª. do Pópulo a diferença foi de mais de 2300 votos para o PSD. O maior desafio do VM será manter o ímpeto nas freguesias urbanas, alicerçado em Vítor Marques, mas com os mesmos nomes, é tal possível? Outros partidos poderão fazer a diferença, em particular o Chega. O PSD contrapõe com nomes do passado, que conhecendo bem o concelho e vivendo-o, querem regressar ao poder que sentem que lhes foi usurpado. Trará Hugo Oliveira verdadeira inovação, nas listas e no programa, ou voltaremos à praxis política dos aos 80 e 90? ■