Patrícia Oliveira
Técnica Superior: Ministério da Educação Coordenadora Concelhia da Estrutura das Mulheres Socialistas de Óbidos
No passado dia 8 de março, o Parlamento Europeu realçou o papel fundamental das mulheres durante a crise da COVID-19, tendo feito um apelo no âmbito das desigualdades.
Muitas mulheres têm estado na linha da frente do combate à pandemia do coronavírus, tendo em conta a sua predominância no setor da saúde. No entanto outras mulheres também foram seriamente afetadas, por se encontrarem a ocupar postos de trabalho inseguros ou precários, que desapareceram ou sofreram alterações com a crise. Os confinamentos contínuos conduziram também a um aumento de situações de crise, nomeadamente violência doméstica.
Sabe-se que dos 49 milhões de cuidadores de saúde na UE que se viram mais expostos ao vírus, cerca de 76% são mulheres.
Atualmente e devido a este contexto pandémico, muitas mulheres estão muito mais propensas a pedir para faltar ou ter determinadas licenças para cuidar dos filhos e de familiares, sendo que muitas se viram obrigadas a combinar o teletrabalho e o apoio à família.
As Nações Unidas alertam-nos para os impactos invisíveis que penalizam de forma desproporcional as mulheres. Estes impactos transcendem a esfera da saúde e ramificam-se para as restantes áreas da vida das mulheres, acarretando efeitos relevantes ao nível da sua saúde física e psicológica, segurança e autonomia.
O contexto atual e as medidas de isolamento têm tido consequências ao nível da vida quotidiana das mulheres, sobretudo no que diz respeito à conciliação da vida familiar e profissional, o que agrava ainda mais a desigualdade entre homens e mulheres.
Muitas mulheres têm-se visto obrigadas a cuidar dos filhos, apoiar as atividades de homeschooling, gerir as tarefas domésticas, tendo que conciliar todas estas atividades com a sua atividade profissional, o que naturalmente causa um enorme desgaste físico e emocional, colocando em causa a saúde mental.
A alteração às rotinas, a privação da vida social, da prática de desporto, entre outras atividades relevantes no dia-a-dia, têm trazido inúmeros constrangimentos o que provoca um elevado impacto ao nível do bem-estar e do equilíbrio, exigindo cada vez mais comportamentos de resiliência e determinação.
A função da mulher torna-se pluridimensional e multifacetada, tendo esta que se desdobrar em inúmeros papéis, definidos pela sociedade como obrigatórios.
É condição “sine qua non” que seja exemplar como mãe, filha, esposa, profissional, política e cidadã.
O que se pretende não é que a mulher seja protegida ou tratada de forma diferente e privilegiada, mas sim de forma igualitária em oportunidades e direitos, sabendo que cada vez mais mulheres ocupam cargos de chefia, cargos políticos, e de responsabilidade acrescida. ■