1 de Dezembro dia da Restauração.
A Dinastia Filipina, espanhola, governou Portugal entre 1580 1640, altura em que o futuro D. João IV liderou uma revolta que afastou os castelhanos do trono. Foram 120 os conspiradores que, na manhã de 1 de Dezembro de 1640, invadiram o Paço da Ribeira em Lisboa. Foi do balcão do Paço que foi proclamada a coroação do Duque de Bragança.
Por curiosidade acrescento que a queda dos Filipes em Portugal só foi possível porque os castelhanos enfrentavam revoltas também na Catalunha. Os conjurados aproveitaram um momento de fraqueza da coroa de Castela, que se debatia em várias frentes, para realizar o golpe que colocou no trono o Duque de Bragança.
Que sabemos nós sobre os Bragança?
Talvez saibamos da maldição que os acompanha, que todos os primogénitos morrem antes de subir ao trono, ou até que foi D. Catarina, filha de D. João IV, quem levou para Inglaterra a tradição do chá e da tão famosa “marmelade”.
Mas será que sabemos que a nossa D. Leonor foi a primeira monarca da Casa de Bragança?
E foi esta primeira Bragança que ousou começar o processo Caldas do zero, criando em primeiro lugar um hospital e a Igreja, a fixação de 30 moradores e sucessivamente de outros indivíduos que pretendessem povoar a região.
Leonor sabia que para conseguir aliciar novos moradores necessitava de atractivos que os fixassem… e foi o que fez!
No contexto nacional as Caldas foi um dos poucos exemplos de vila que nasceu “ex novo”. Importa insistir na ideia de que foi graças ao hospital que a vila nasceu. Para o bom funcionamento do hospital era essencial que este se inserisse numa comunidade; inversamente, a população necessitava de uma instituição, fosse ela camarária ou de outra natureza, que criasse actrativos económicos à fixação.
Esta mulher tinha um objectivo, tinha “uma ideia na cabeça”, quis fazer um hospital e não teve inibições algumas, lutou por ele… falou com o marido D. João II, falou com o irmão D. Manuel I… pediu, insistiu com o Cardeal Alpedrinha… com o Papa… não descansou enquanto não levou por diante o seu desejo… o seu sonho!
O hospital prosperou, a população aumentou exponencialmente, as artes desenvolveram… até quando?
Estive a ver as estatísticas sobre a população das Caldas nos últimos anos, os únicos dados que subiram foi a faixa etária a cima dos 65 anos… então e os jovens?
Para onde foram os jovens? Para onde foram aqueles que são formados nas nossas escolas, que são das melhores no ranking nacional? A consequência das melhores escolas é levar os alunos às melhores universidades, aos melhores postos de trabalho, o que é fantástico!
Mas porque não voltam?
Que nos falta fazer para fixarmos os nossos jovens numa cidade que do nada se fez grande?
Que nos falta para não termos medo de desejar… de sonhar?
De prosperar?
De ir à procura?
De restaurar?
Olhemos para Leonor como inspiração de ousadia e de modernidade.
Margarida Varela
margaridavarela13@gmail.com