Estamos em plena pré-campanha eleitoral e já vemos nas nossas ruas os cartazes com as caras e as mensagens dos candidatos aos vários órgãos autárquicos. A partir da próxima terça-feira começa oficialmente a campanha eleitoral e o apelo direto ao voto.
Cada partido compôs as suas listas com as pessoas que, entre as disponíveis, considerou serem as melhores para se candidatarem. Estes, os candidatos, acreditam que podem fazer mais e melhor pelo concelho ou pelas freguesias a que concorrem. Acreditam que as suas ideias são as que melhor farão pelas pessoas das suas comunidades. Acreditam que conseguirão concretizar efetivamente os projetos que propõem nos seus programas. São pessoas que, para além do mais, estão disponíveis para tentar ajudar a melhorar a qualidade de vida de todos os que residem e trabalham nas suas comunidades.
As eleições autárquicas são as que elegem os representantes que estão mais perto dos seus eleitores. Mais do que nas eleições nacionais e muito mais do que nas europeias, os eleitos nas eleições autárquicas vivem de perto, no dia-a-dia, os problemas de quem os elege. Para o futuro coletivo do país, as eleições para a Assembleia da República e para o Parlamento Europeu são importantíssimas mas, nas autárquicas, tratam-se os temas que dizem respeito às comunidades locais as quais, pela proximidade entre as pessoas, são sempre vividos de forma mais intensa.
Nestas eleições está em causa o futuro das nossas comunidades, ou seja, está em causa o futuro dos nossos filhos.
Ainda assim, há quem faça questão de dizer sempre mal da política e dos políticos. Há quem acredite que é popular desprezar tudo o que cheira a política. Há quem prefira ignorar que, dependendo das pessoas que elegermos, o futuro dos nossos filhos pode ser um ou outro completamente diferente. É este o espírito que tem feito a abstenção em Portugal chegar a níveis inadmissíveis.
Mesmo surgindo novos atores políticos que parecem empolgar as pessoas, com ideias novas e uma nova forma de fazer política de proximidade, a verdade é que a nuvem negra da abstenção elevada continua a pairar sobre as nossas cabeças. Esta é uma luta que vale a pena ser travada, em primeiro lugar, por todos os candidatos, independentemente dos partidos a que pertençam, mas também por todos os cidadãos que se assumem orgulhosamente como tal.
Quem vier ser eleito, em outubro, como Presidente de Câmara Municipal ou Presidente de Junta de Freguesia tem pela frente um mandato de quatro anos durante os quais, e para além do trabalho que deverá ser feito diretamente pelo órgão a que preside, terá que negociar com outros poderes a melhor forma de resolver os problemas que afetam as populações que se comprometeram a servir. Nessas negociações, um Presidente da Câmara ou da Junta terá sempre a mesma legitimidade formal para representar a população, quer tenha vencido por um voto, quer tenha vencido com uma maioria esmagadora. No entanto, como é fácil perceber, não terá a mesma força perante os seus interlocutores.
Daí que, para que as eleições possam ser mais esclarecedoras, seja muito importante que todos, todos nós, cerremos fileiras no combate à abstenção.