Maria do Céu Santos
Maria do Céu Santos
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Na edição de 27.06.2020, o Expresso aborda o súbito agravamento da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, concluindo pela existência de uma falha de planeamento na resposta por parte das autoridades de saúde.
É sabido que a única forma de controlar o contágio passa pela imediata identificação e isolamento de potenciais infetados, cortando assim a cadeia de transmissão, o que implica um trabalho constante e sistemático, que consiste em entrevistar os novos casos positivos, listar os contactos com quem essas pessoas estiveram nos dias anteriores, ligar-lhes e, se necessário, colocá-los urgentemente em quarentena.
A eficácia do método reside na articulação das entidades responsáveis que permita uma rápida resposta em rede, em constante diálogo com famílias, empresas e instituições, a quem deverá ser transmitido, sempre com carácter de urgência, o resultado do rastreio de contactos dos infetados.
Lamentavelmente, não foi isso que ocorreu em algumas situações na nossa região.
Houve casos em que foram realizados testes a pais e mães de filhos em idade escolar, que se revelaram positivos, não tendo havido o cuidado de entrevistar as pessoas infetadas, listar os seus contactos diários e todos aqueles que se encontravam mais expostos ao contágio, convocá-los para imediata realização de testes, e informar, com caráter de absoluta urgência, o estabelecimento de ensino frequentado pelos filhos.
Felizmente não houve danos, mas o procedimento das autoridades da saúde, justificado, talvez, pela enorme exaustão resultante do combate a esta pandemia que parece não ter fim, não pode deixar de causar alguma inquietação quanto ao futuro.
Exaustos estão também professores e alunos, após este final de ano letivo atípico.
Entretanto, as direções das escolas já receberam as orientações do Ministério da Educação para o próximo ano letivo. As aulas iniciar-se-ão entre 14 e 17 de setembro, presencialmente. O uso obrigatório de máscara é a partir do 5.º ano.
As direções têm de preparar três hipóteses para o funcionamento das escolas: aulas em regime presencial (preferencialmente), em regime misto (onde alternam aulas à distância e aulas presenciais) e em regime não presencial. No entanto mesmo em regime misto e não presencial, são realizadas aulas presenciais para os alunos beneficiários da Ação Social Escolar; crianças e jovens em risco e todos que a escola considere que o regime não presencial é ineficaz. Prevê-se também o alargamento do horário e a organização por turnos duplos (umas turmas de manhã e outras à tarde) o que nem sempre é possível dado o número de horas da carga horária semanal. A prioridade na frequência de aulas presenciais será para os alunos até ao final do 2.º ciclo.
As primeiras cinco semanas de atividades letivas serão dedicadas à consolidação das aprendizagens realizadas no último trimestre.
Talvez que em setembro, depois das merecidas férias, estejamos todos menos exaustos, com energias que permitam enfrentar os tempos difíceis que parecem desenhar-se no horizonte.

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