Cumpri, ao logo das 48 crónicas que aqui apresentei, o desafio inicial da Gazeta, para que as mesmas versassem temas de interesse local. Resumo-as em sete grupos: Termalismo, Lagoa, Cuidados de Saúde / Hospital Novo, Cultura e Turismo, Gestão Urbana, Gestão Autárquica e Economia. Estas são, na minha opinião, as matérias em que se deve alicerçar o desenvolvimento de um território, com o enorme potencial do concelho de Caldas da Rainha.
As questões de pormenor, que garantem simpatias, dependências, cumplicidades, silêncios, conivências e votos imediatos, cingem-se a uma visão tão curta quanto aos 4 anos dos mandatos autárquicos. E a gestão de um território, deve ter a visão necessária para garantir a sustentabilidade, muito para além dessa pequenez. Considero que as matérias que aqui tenho tratado, são estratégicas para o desenvolvimento do concelho e até contribuem para uma dimensão regional. Sim, porque os territórios, são cada vez menos, limitados por “fronteiras” estanques e como tal, a visão e as estratégias não podem, ou não deviam, estar limitadas temporal e fisicamente, por interesses de garantia de poder pessoal e partidário, que se resumem aos tais 4 anos, ou às fronteiras concelhias.
No momento de terminar estas crónicas, iniciadas em Março de 2015, permitam-me um resumido balanço, mais de dois anos e meio depois.
Continuamos sem Hospital Termal a funcionar. Sem termas, não há cidade termal. Não se sabe quando terminam as obras, a abertura adia-se sistematicamente sem explicação aceitável, nem se conhece o modelo de gestão, porque ninguém sabe como vai ser. Entretanto, contam-nos umas estórias para entreter. Enfim, está assim há cinco anos, por desleixo e incúria.
A Lagoa está mais assoreada, depois dos imensos milhões gastos em suposto desassoreamento e com adiamentos sistemáticos da prometida 2ª fase de dragagens, nos “braços” da Barrosa e Bom Sucesso. Está assim há vários anos, por conluio, subserviência e conivência local, face às instâncias governamentais.
Os cuidados de saúde no Hospital das Caldas degradam-se, com promessas por cumprir e o Hospital Novo para o Oeste, a ser tratado nos bastidores da política e dos partidos, para ser levado para longe daqui, lá bem para o sul do Bombarral, de preferência pertinho de Torres Vedras. É assim há anos, a vermos a “banda passar”, por inércia e falta de força política, para fazer valer uma solução central e justa, que seria na área de influência económica de Caldas da Rainha. E sobre esta matéria, fiz a minha parte e é pública.
Continuam sem perceber que uma economia pujante, é o alicerce fundamental para o desenvolvimento socioeconómico de qualquer território, pela geração de riqueza e criação de emprego. Mas como a “visão” é tão curta, continuamos a ter uma espécie de zona industrial miserável, entradas da cidade que envergonham qualquer cidadão e deviam envergonhar os autarcas e a não ter qualquer estratégia de captação de empresas. Mas sim, entretemo-nos por aí com umas coisas aqui e além. É assim por falta de visão, de arrojo e dimensão política.
E assim será, pelo menos por mais quatro anos.
À Gazeta das Caldas, o meu agradecimento pela oportunidade, de aqui poder dissertar acerca das que em minha opinião são as matérias importantes para o futuro do concelho.
Ao Jaime Neto, à Paula Carvalho, ao José Nascimento, ao Jorge Varela, ao Lino Romão e ao meu companheiro do lado, José Carlos Faria, parceiros na partilha trissemanal destas colunas, a minha saudação pela forma elevada e respeitadora como cada um expôs as suas ideias, confirmando que afinal, para lá das ideologias e dos partidos, existe o interesse comum que nos une.
Aos leitores desta coluna, que tiveram a paciência de me ir lendo, o meu muito obrigado, independentemente de concordarem ou não, com o que cá escrevi, com a certeza de que continuarei, não aqui, mas por aí.
A todos os caldenses sem exceção, desejo um Feliz e Santo Natal e um excelente Ano de 2018.
Beijos e abraços