O tema das Escolas do Estado vs Escolas com Contrato de Associação – ambas públicas, está debatido e rebatido e quer queiramos quer não, ninguém consegue abstrair-se da ideologia em que todos esbarram, ou dos interesses pessoais. Porque ela é intrínseca ao raciocínio e molda a opinião. Esperar o contrário, é como alguém tentar convencer-me de que o Estado é a melhor coisa que há, como padroeiro do povo, ou convencer o meu parceiro da coluna aqui ao lado e amigo, de que a iniciativa privada é o motor da economia e do desenvolvimento. Esperem sentados.
A única “coisa” que devia contar nesta discussão, é o ALUNO, mas dele não se ouve falar. De um lado e do outro, outros valores se levantam.
Procuro conhecer todos os argumentos e ouvi atentamente uma entrevista da Secretária de Estado da Educação. Pareceu-me despida de preconceitos, foi clara nas explicações e clarificou as questões de carácter jurídico / legalista das medidas tomadas, por um lado e por outro, resguardou-se no que à “qualidade” do ensino diz respeito, até porque essa é matéria de total subjetividade. Apenas conhecemos os “rankings”, que não são da autoria do Ministério, até porque essa coisa de dizer quem são os melhores e os piores, é melindroso e politicamente incorreto, pode ferir sensibilidades e isso não convém a nenhum governo, de esquerda ou de direita. Acrescento que tenho muito orgulho por Caldas da Rainha ter a escola Raúl Proença, que é do Estado, muito bem classificada. E os “rankings” para mim contam, sim. Portanto, sobre “qualidade” do ensino, ninguém pode falar, porque tem apenas opiniões, também elas minadas pela ideologia. Na educação é mesmo assim, escolas, professores e alunos, é melhor não se saber quem é bom e quem é mau, faz-se de conta que é tudo igual.
Sobre estas matérias fiquei esclarecido, dentro do possível.
Resta a questão fundamental para ela e para o governo (não para mim), que serve de argumento a toda esta discussão: a suposta “boa gestão dos dinheiros públicos”. E os números não têm ideologia.
E aí a Sra. Secretária de Estado foi parca em explicações e resumiu tudo a uma simples informação. Disse ela, que uma turma nas Escolas com Contrato de Associação, custa ao Estado 80.500 euros, ou que o custo por aluno é de cerca de 2.683 euros/ano e uma turma nas Escolas do Estado, custa 54.000 euros..
O problema é que o Tribunal de Contas anda a dizer há anos, o contrário e que neste momento, um aluno custa nas Escolas do Estado 4.415 euros /ano. Como o Tribunal é uma entidade idónea, que não pode mascarar números e os dados são sustentados ano após ano e nunca nenhum ministério os desmentiu, nem este, quer isto dizer que os números da Srª Secretária de Estado são falsos, porque alguém a enganou.
Assim, fica provado que o argumento do Ministério, não é o verdadeiro. Porque mandaria a “boa gestão dos dinheiros públicos”, que o Estado teria que reduzir turmas sim, mas nas suas próprias escolas.
No que diz respeito a Caldas da Rainha, parece não haver motivos para alarme porque, disse a governante, só reduzem turmas nas Escolas com Contrato de Associação, se houver capacidade existente nas do Estado. E ao que consta, as escolas do Estado, estão cheias.
Quanto aos meus interesses e preferências por escolas, fica a seguinte declaração. Um dos filhos, fez todo o percurso escolar até à Universidade, na Escola Bordalo Pinheiro e as irmãs, no Colégio D. Leonor, todos muito felizes e eu muito contente. E se hoje um jovem me questionar sobre qual a Escola que deveria escolher, não tenho dúvidas. Como disse, os “rankings” para mim, contam.
Haja respeito pelos alunos.
Sem eles, não é preciso o ministério, o ministro, as escolas (umas e outras), os professores, nem os sindicatos, que controlam e mandam no ministério.