Há precisamente um ano, escrevi neste espaço acerca de uma reunião que uma delegação do município de Caldas da Rainha teve no ministério da saúde. Presente nesse encontro, dei publicamente conta do meu agrado pelas soluções adiantadas pelo ministro, para o Hospital das Caldas.
Entre outras questões abordadas, ficou a promessa de que as propagandeadas e famosas obras de expansão das urgências do Hospital das Caldas, teriam lugar no início do verão, para estarem terminadas no início do inverno. Ora, estamos em pleno inverno, as obras não tiveram início e como se não bastasse, nem o concurso foi aberto, tão pouco. Quer isto dizer que da maneira que todos sabemos que não funciona a estrutura do Estado, se alguma vez houver obras nas urgências do Hospital das Caldas, porque há legitimidade para pôr isso em causa, nunca estarão prontas antes do final de 2018. Como se não bastasse, também não é garantido que exista dinheiro disponível para o custo global, que entretanto também já é superior ao anteriormente previsto.
Mas as boas intenções do ministro não ficavam por aqui e também disse que a questão da falta de médicos (outro problema grave no hospital das Caldas), iria ser resolvido, com a abertura de concursos. Mas para abertura de concursos, era preciso que a lei permitisse e existisse dinheiro e nem uma coisa nem outra. Sabe-se que as coisas não foram, nem são assim, continuando a contratação dos profissionais a ser feita a conta-gotas, através das famosas empresas de prestação de serviços.
Também vieram a público notícias, segundo as quais o CHO, Centro Hospitalar do Oeste, no qual se integra o Hospital das Caldas, iria passar a EPE – Empresa Pública, o que facilitaria a contratação de pessoal e permitiria outro tipo de gestão, mais agilizada, que a máquina do Estado não permite. Mas também para a passagem a “empresa pública” é preciso capital e não será por acaso que essa operação vem sendo também ela, repetidamente prometida e adiada.
Continuando o rol de boas intenções, também o responsável da saúde tinha uma solução para a falta de camas, com a contratação dos chamados cuidados continuados a IPSS(s), que estivessem disponíveis para o efeito. Também sabemos que até hoje, nada disso se concretizou.
Sim, fomos enganados.
Sabemos que as boas intenções podem ser um início, mas também sabemos que só por si, nunca resolveram coisa nenhuma e por isso o inferno está cheio delas, diz o povo.
Para quem acreditou nas soluções prometidas pelo ministro, sinto agora que os caldenses foram enganados e os cuidados de saúde prestados, não apenas aos caldenses, mas às populações abrangidas, além de não terem melhoras, pelo contrário, degradam-se.
É publicamente conhecida a minha posição, sobre a solução definitiva para a saúde no oeste, que por acaso é coincidente com a do ministro e que passa pela construção de um Hospital novo, que substitua as velhas e caducas unidades de Caldas da Rainha, Torres Vedras, Peniche e Alcobaça. Cada vez mais, esta não é uma hipótese de solução, demonstra-se cada vez mais, ser uma inevitabilidade eternamente adiada, porque o conjunto de autarcas dos municípios envolvidos, continuam de costas voltadas, a olhar o seu umbigo, com dificuldade em pensar mais além.
Mas entretanto, é preciso garantir que nos hospitais existentes, no caso concreto no das Caldas da Rainha, sejam prestados às populações, os cuidados de saúde minimamente aceitáveis.
E como foram os autarcas de Caldas da Rainha, que há um ano estiveram reunidos com o Ministro da Saúde e a quem foram prometidas estas e outras medidas não cumpridas, entendo que deve ser a Câmara das Caldas a pedir nova reunião, fazer um ponto de situação e pedir explicações sobre as tais medidas prometidas e não cumpridas. Por ter esse entendimento, foi exatamente isso que manifestei na reunião de Câmara desta semana.
A ver vamos.
Rui Gonçalves