Ramalhosa recorda um conterrâneo

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Um natural desta zona atingiu elevado prestígio de âmbito regional, nacional e até internacional no seio da Igreja Católica. Todos os Alvorninhenses e Caldenses recordam com o maior orgulho a figura prestigiada que foi o Cardeal Patriarca, D. José da Cruz Policarpo, com um percurso sacerdotal incomum e uma vida ligada à Universidade e à cultura. Não podiamos deixar de lhe fazer uma referência especial, seguindo algumas passagens da obra –Atraídos pelo Infinito – António Araújo, Guilherme d´Oliveira Martins , D. Manuel Clemente – Alétheia Editores-2011.
José da Cruz Policarpo nasceu no Pego (Calvelo), freguesia de Alvorninha, concelho de Caldas da Rainha, no dia 26 de fevereiro de 1936, recebeu o batismo no dia 19 de março do mesmo ano na Igreja Paroquial de Alvorninha, sendo pároco desta o P.e José da Costa, natural de Torres Novas.
Filho de José Policarpo Junior e de Maria Gertrudes Rosa, frequentou as primárias de Ramalhosa e de Alvorninha e, de seguida, os três Seminários do Patriarcado de Lisboa: Santarém, Almada e Olivais. Ordenado presbítero por Sua Eminência o Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, em 15 de agosto de 1961, celebrou a primeira Missa (Missa Nova) em Alvorninha, no dia 20 de agosto do mesmo ano.
Foi nomeado Vice-Reitor do Seminário Liceal de Penafirme (inaugurado no dia 1 de dezembro de 1960), onde leciona diversas disciplinas (1963-68). Parte depois para Roma, onde fez a licenciatura em Teologia Dogmática na Pontificia Universidade Gregoriana (1968) com a tese “Teologia das Religiões não Cristãs”. Defendeu na mesma universidade romana (1971) a tese de Doutoramento intitulada “Sinais dos tempos”. Génese Histórica e Interpretação Teológica”. É nomeado Reitor do Seminário Maior dos Olivais, em 1970, cargo que exerceu até à sua nomeação como Arcebispo Coadjutor em 1977. Docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa desde 1970, é nomeado Director da mesma Faculdade em 1974, cargo que exerce durante alguns anos, mesmo depois da ordenação episcopal.
Em 26 de maio de 1978 foi eleito Bispo titular de Caliábria e Auxiliar do Patriarca de Lisboa, recebendo a ordenação episcopal na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos).
Na CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) desempenhou vários cargos, tendo sido nomeado Vogal do Conselho permanente desta entre 1996 e 1999. Foi membro do Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa e Reitor da mesma de 1988-1996.
Por falecimento do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, D. José Policarpo sucede-lhe no governo da Diocese como 16º Patriarca de Lisboa, em 24 de março de 1998. Exerce o cargo de Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa em dois mandatos (1999-2005), sendo novamente eleito para novo triénio (2011-2014) e é desde 1995 membro permanente da CEP. Em 21 de janeiro de 2001 é nomeado Cardeal Presbítero por sua Santidade o Papa João Paulo II. Como membro da Cúria Romana participou e votou nos Conclaves que elegeram os Papas Bento XVI e Francisco I.
Desde cedo, entendeu que a Igreja precisa de renovar-se, na linha do Concílio Vaticano II. Estar atento aos “sinais dos tempos”, tema da sua tese de Doutoramento. E dialogar com todos, nomeadamente no mundo da cultura, dando razões da fé (Anselmo Borges, Padre e Prof. de Filosofia, Diário de Notícias de 22.03.2014).
Em 13 de março de 2014, com 78 anos de idade, faleceu devido a uma complicação surgida com um aneurisma na aorta. ■ João Daniel dos Santos

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