
Num mundo em que há cada vez mais líderes políticos menos recomendáveis, vem dos antípodas, ou seja, da Nova Zelândia, um exemplo de bom gosto e de bom senso apreciado por Zé Povinho e que demonstra que afinal ainda há razões para viver neste mundo com optimismo.
Trata-se da primeira-ministra nova-zelandesa, Jacinda Kate Laurell Ardern, que, com apenas 38 anos, está à frente do seu país e que demonstrou em poucos dias como é uma mulher amadurecida e uma política inteligente.
Primeiro, imediatamente depois dos atentados perpetrados por um autointitulado supremacista branco da vizinha Austrália, em que morreram cerca de meia centena de migrantes de origem muçulmana, veio a público dizer que estes eram cidadãos de pleno direito do seu país, tão iguais como os seus naturais, negando-se sequer a citar o nome do assassino para não lhe dar esse prazer.
Imediatamente depois mostrou o seu pragmatismo ao anunciar que ia propor ao seu parlamento a interdição imediata da venda e uso de armas semiautomáticas, pelos civis, evitando a prazo a possibilidade de que outro atentado, com a mesma dimensão, possa acontecer e enfrentando frontalmente o lobby local dos armeiros.
Significativamente, ela própria usou um véu islâmico, tal como o fizeram muitos jovens neozelandeses, mostrando assim uma forma de solidariedade que ultrapassa a mera condenação do acto.
Zé Povinho apesar da dor de tão hediondo acto, ficou feliz por ver uma mulher jovem, que assumiu as suas responsabilidade em toda a plenitude e deu uma lição a todo o mundo, mesmo aqueles muito poderosos cuja vergonha é pequena.

Retirar um monumento aos presos políticos da fortaleza que foi prisão política? Retirar um monumento que é uma homenagem ao 25 de Abril do local onde se pretende instalar um Museu da Resistência?
Mas o se passa com a Direcção Geral do Património Cultural?
Zé Povinho pasma perante o desplante desta instituição que pediu à Câmara de Peniche para retirar a escultura de José Aurélio da fortaleza-museu porque alegadamente o monumento impede uma boa circulação dos visitantes. Ainda por cima uma obra que não é propriamente fácil de deslocar porque tem enterrados sistemas de bombagem e canalizações.
Mas tão mau como querer retirar o monumento, é nem sequer sugerir que o mesmo seja instalado noutro local, ignorando e desprezando uma obra de arte que foi inaugurada em 2017, com pompa e circunstância, pela cidade de Peniche com as suas autoridades e até com a presença de antigos presos políticos.
Zé Povinho quer acreditar que tal proposta resulta de algum burocrata cinzento da Direcção Geral do Património Cultural, mas receia que tal não seja verdade porque aquela instituição, quando questionada sobre as razões da retirada da escultura de José Aurélio, respondeu com um significativo silêncio.
É, pois, de censurar esta atitude daquele organismo do Ministério da Cultura, esperando Zé Povinho que em breve alguém dê a cara por aquela solução e dê as devidas e convincentes explicações, ou que peça desculpa pelo engano e deixe o monumento ao 25 de Abril no local onde deverá estar.