A semana do Zé Povinho

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Como ambientalista e ecologista de longa data, Zé Povinho não ficou indiferente à passagem da jovem activista sueca Greta Thunberg por Portugal.
Greta tornou-se famosa a nível mundial porque, em Setembro do último ano e com apenas 16 anos, começou uma greve à escola para se manifestar contra as alterações climáticas em frente ao parlamento sueco.
Sendo tão jovem, tem já os méritos de ter conseguido ajudar a colocar na agenda política a causa das alterações climáticas e até por ser considerada por muitos o rosto fundamental desta luta.
É impossível para Zé Povinho discordar das frases da activista na chegada à Doca de Santo Amaro, em Lisboa. Depois de atravessar o Oceano Atlântico num catamarã, Greta foi recebida por centenas de pessoas, onde afirmou que nenhum país está a fazer o suficiente para combater as alterações climáticas.
Entre os vários apoiantes que ansiosamente a aguardaram desde as 7h00 até por volta das 12h00, quando finalmente chegou, encontravam-se muitos jovens que não quiseram deixar de assinalar a passagem pelo país daquele que é, para eles, o rosto da causa. Também a esses Zé Povinho endereça os seus cumprimentos e deseja que continuem a lutar pelo que acreditam, defendem e querem para si.
Entre os anfitriões, contudo, faltou por razões indescortináveis à primeira vista, aquele que estaria fadado para lhe dar as boas vindas mais qualificadas, que era o professor Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente de todos os portugueses. No entanto, como a jovem vai permanecer alguns dias no país ainda a vai encontrar nalgum mercado de Natal.
Vivendo numa fase em que grande parte da juventude se alheia do que é importante e se centra apenas em si mesmo e no imediatismo das redes sociais, é bom ver que ainda há quem se junte para defender causas importantes.

O Conselho Superior da Magistratura demitiu esta semana o Juiz Desembargador Rui Rangel pelo seu envolvimento no processo criminal da Operação Lex, onde são alegadamente atribuídas várias irregularidades, tendo como leitmotiv alguns pecados capitais como a avareza e a soberba.
Ou seja, o juiz Rui Rangel, que ao longo das últimas décadas era uma figura que pontuava especialmente na comunicação social como comentador e opinion maker, debitando palpites piedosos sobre os defeitos e as falhas dos seus concidadãos, bem como sob a justeza de muitos comportamentos, é apanhado pelos mesmos defeitos da plebe pecadora.
Como diz o povo português no “melhor pano cai a nódoa” e afinal o citado jurisconsulto ambicionava ter prazeres para além das suas posses e, apesar do estatuto remuneratório da sua condição profissional ser muito superior à média, os seus “pequenos grandes luxos” alegadamente exigiam sempre mais.
Um magistrado de uma instância superior ser demitido por “suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, de branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal” é uma síntese pouco compatível com o estatuto que gozou até agora.
Zé Povinho lembra-se de algumas figuras semelhantes do tempo do seu criador – Rafael Bordalo Pinheiro – que não desdenhavam gozar das mesmas prerrogativas do Juiz Rangel e que o caricaturista criticava azedamente.