Zé Povinho está maravilhado com o ultramaratonista Jorge Serrazina. O que explica um engenheiro agrónomo ser desafiado aos 47 anos de idade por um vizinho para participar em provas de caminhada ou corrida em montanha e ter aceite esse desafio?
É algo difícil de entender tendo em conta que a maioria das pessoas com 50 anos prefere certamente calçar as pantufas e ver a televisão no recanto do lar.
Mas 13 anos depois está o nosso herói – Jorge Serrazina – a correr 866 quilómetros durante cerca de duas semanas, atravessando os Pirinéus do Mediterrâneo ao Atlântico. Antes correu nos mais variados locais como a Patagónia, Monte Branco e Monte Everest.
O Eng. Jorge Serrazina nasceu na Benedita e vive no concelho de Óbidos, mais propriamente na Salgueirinha, mesmo encostado ao concelho das Caldas da Rainha, onde faz a sua vida desde há várias décadas.
Além das suas façanhas na corrida ou caminhada de longa distância, Jorge Serrazina também se envolveu na criação do Clube de Atletismo de Óbidos, que entre outras iniciativas tem organizado nos últimos anos o Trail Nocturno daquela vila. Esta prova, que agrega corridas de 60, 30 e 15 quilómetros, bem como uma caminhada de 10 quilómetros, já entrou nos hábitos dos amantes deste desporto e reúne anualmente naquele concelho mais de um milhar de concorrentes.
No passado sábado lá estavam 1500 homens e mulheres de todas as idades a fazerem os respectivos percursos, percorrendo alegremente boa parte do concelho, com uma luz frontal na cabeça para iluminar o caminho e não sair do trilho orientado por spray reflector.
Está de parabéns este beneditense-obidense-caldense que mostra que quando um homem quer as coisas acontecem, mesmo as mais duras e difíceis. Zé Povinho deseja-lhe boas corridas para o futuro seja em que parte de mundo for.
No passado 15 de Julho o mundo foi surpreendido pelo anúncio de um golpe de Estado na Turquia. Inicialmente correu a versão que se destinava a substituir o actual poder que mostrava sinais de crescente autoritarismo e de corrupção, por políticos mais moderados.
De imediato o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que estava de férias, reagiu através das redes sociais, desafiando o povo para combater os putchistas e enfrentá-los na rua. Destes acontecimentos resultou a morte de mais de 200 pessoas, tendo o governo retomado as rédeas do poder e desencadeado uma perseguição aos putativos responsáveis pela tentativa de golpe, com prisões, destituições e outras perseguições.
De imediato acusou um seu antigo aliado Fethullah Gülen, um clérigo moderado mas multimilionário residente nos EUA, que mantém uma rede de escolas, organizações não-governamentais e empresas, e que constituiria uma ameaça ao poder autocrático de Erdogan.
A lista de atingidos pela purga já conta dezenas de milhares de cidadãos turcos entre juízes, magistrados, professores, militares, jornalistas, a quem o poder instalado acusa de todos os males. Uma grande parte da população tomou o lado de Erdogan e sai às ruas clamando por vingança e pela reimplantação da pena de morte.
Numa jogada estratégica e chantageando com o Ocidente, Erdogan exige a cabeça de Gülen, não se importando de se lançar nas mãos de líder russo Putin, com quem há poucos meses tinha tido um grave incidente (a aviação turca havia abatido um avião militar russo que combatia na Síria).
Zé Povinho estranha que em meia dúzia de dias, depois de um golpe, sejam presos e demitidos dezenas de milhares de opositores face a um falhanço quase infantil de meia dúzia de militares. Provavelmente os opositores caíram numa cilada e Erdogan aproveitou para desfazer todos aqueles que lhe faziam alguma sombra e o atacavam pelos actos de corrupção que ele, a sua família e amigos estavam acusados.
Zé Povinho crê que Erdogan será daqui a uns tempos o responsável por um novo conflito que vai criar mais morte e destruição. E isso não é bom para os turcos nem para os povos vizinhos nem para a UE que queria ter a Turquia a seu lado ou mesmo como futuro membro.