Zé Povinho ficou impressionado com a carreira percorrida pela cantora caldense Rita Marques, que na passada semana teve uma participação especial no espectáculo de Plácido Domingo, um dos “três tenores” mundiais de eleição, com Luciano Pavarotti (já desaparecido) e José Carreras.
A curiosidade singela de Rita Marques é que desde a infância passou por quase todas as colectividades e grupos musicais e de canto de Caldas da Rainha e de Óbidos, desde os Cavaquinhos aos Sons da Vida, da Banda Comércio e Indústria ao Coro Infantil de Óbidos, terminando finalmente no coro Alma Nova onde aprendeu canto clássico.
Esta verdadeira paixão levou-a naturalmente ao Conservatório Nacional não descurando em simultâneo as aulas na Escola Secundária Raul Proença, onde fazia o curso secundário em Ciências e Tecnologias.
A partir daqui a sua aventura não parou e chegou aos 19 anos ao Coro Gulbenkian, partilhando entre 2010 e 2013 o seu tempo com a licenciatura na Escola Superior de Música.
Finalmente, atirou-se para um desafio de vida: chegar ao Centre de Perfeccionament Plácido Domingo, em Valência (Espanha), onde a caldense está há alguns meses.
Para além das inúmeras apresentações em espectáculos de ópera que tem feito por esse mundo fora, foi-lhe dada agora uma oportunidade inolvidável: cantar em Lisboa com o mestre Plácido Domingo, patrono da escola onde está estudar.
A sua actuação junto do tenor foi inexcedível. Esta história parece um conto de fadas, que sensibiliza e emociona Zé Povinho, habituado a confrontar-se com assuntos mais contraditórios.
Eis uma trajectória incrível em que tudo parece dar certo, esperando-se que os próximos anos tragam à Rita Marques os maiores êxitos, apesar da pequena mágoa que transporta de que “santos da casa não fazem milagres” pois a sua terra, decididamente, ainda não a quis ouvir.
Zé Povinho já conheceu muitos responsáveis governamentais pelo Ambiente, que em Portugal só passou a ter estatuto ministerial autónomo a partir dos anos 90. Aquando do Festival Pela Vida e Contra o Nuclear, de que a Gazeta das Caldas foi um dos grupos organizadores, o então secretário de Estado do Ambiente, Prof. Gomes Guerreiro, impedido de se deslocar às Caldas da Rainha, enviou uma significativa mensagem de solidariedade.
Depois houve inúmeros titulares, tanto ministros como secretários de Estado, que, na maioria dos casos, deram sempre atenção aos jornais regionais, nomeadamente à Gazeta das Caldas, como foi o caso do Arq. Ribeiro Teles, do Eng. Carlos Pimenta, da Dra. Teresa Patrício Gouveia, do Prof. Nunes Correia, do Eng. Moreira da Silva ou do caldense Dr. Paulo Lemos.
Na maioria das ocasiões, as solicitações da Gazeta das Caldas feitas aos responsáveis do Ambiente tinham uma resposta quase imediata.
Mas tal não está a acontecer com o actual titular da pasta do Ambiente, Eng. Matos Fernandes, e seus colaboradores, que se eximem à prestação democrática de contas aos seus concidadãos e dão trato de polé à imprensa regional.
O tema desta vez é a segunda fase do desassoreamento da Lagoa de Óbidos, prometida para este ano e que não se irá concretizar. Mas Zé Povinho também não esquece as posições dúbias que o Eng. Matos Fernandes tem tido com a questão da central nuclear de Almaraz, deixando ao “deus dará” um problema que um dia pode sair caro a muitos portugueses.
Zé Povinho não está a gostar deste comportamento do ministro do Ambiente e dos seus colaboradores. Em 1978, quando se realizou a primeira manifestação antinuclear nas Caldas, o senhor ministro tinha 11 anos e certamente não recorda nada destas lutas. Não admira que assim seja pouco sensível aos protestos desta região.