Desejos para 2022: Humanidade de grupo

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A expressão não é minha nem é nova, mas adotei-a desde já. É isso que precisamos. De voltar a ser humanos, e em grupo. E é isso que desejo muito para 2022.
Tenho a certeza que vai ser um ano ótimo. Muito melhor que 2020 ou 2021 juntos. Com ou sem pandemia. Com vacinas e verdades científicas e consciência. Com ou sem pandemia, o tempo assim o dirá. Mas para já, com.
Vivemos um período festivo pautado pela estratégia de testagem massiva. A mensagem de testar foi bem passada e acolhida. Os números dispararam, ou não fosse a consequência direta do aumento do nº de testes diários aliada à transmissibilidade 3 vezes maior da variante ómicron. O Estado em dois momentos no ano comparticipou a testagem (quer nas farmácias que nos laboratórios aderentes), e inclusive no mês de Dezembro aumentou para 6 testes por utente pagos por mês.
E nós, os portugueses cumprimos e testámos. E os números disparam.
Foram feitos até 2/1/2021 26887506 testes (PCR e Antigénio). Passámos os 30mil novos casos a 31 de Dezembro. Depois os números caíram para menos de metade… Mas não nos enganemos, não foram é feitos testes. Os internamentos sobem, os óbitos também. Mas e se avaliarmos os casos graves de vacinados e não vacinados? Esta sim será a verdade dos números, não nos deixemos iludir. A vacina melhorou o panorama, há dúvidas? Agora sejamos matemáticos e agentes da lógica por um pouco – se o nº de casos aumentar muito, os casos graves ou muito graves aumentam também, e o risco de saturar os Hospitais existe. Não nos vamos esquecer disto. Nem dos profissionais de saúde que não param há quase dois anos, a tratarem doentes covid e não covid. É uma luta diária.
Estamos também no limite da nossa capacidade de testagem. E um teste negativo às 10h da manhã, pode não ser um teste negativo às 19h00. Porque os vírus e a bilogia humana são complexos. E continuamos a vacinar, e bem, mas que luz vemos ao fundo do túnel? A transformação de uma pandemia numa doença endémica? O fim da pandemia como alega o virologista Pedro Simas, ou mais uma vaga, potencialmente perigosa como defende o médico Gustavo Carona?
Nunca uma doença foi tão escrutinada como esta, nunca se empregou tanta tecnologia disponível para a prevenir, rastrear e tratar. Evoluiu-se muito, criaram-se vacinas em tempo record, melhorou-se muito a comunicação entre os profissionais de saúde, estabeleceram-se parcerias nunca antes vistas. Mas também se acentuaram debilidades sociais, assimetrias económicas e potenciais danos na saúde mental de todos nós.
Queremos voltar às nossas vidas “ditas normais”, queremos abraçar, dançar, tirar a máscara. Ser humanos, em grupo, não ter medo. Para isso, tem que haver imunidade e segurança face a este vírus. E para já, ainda não há.
Mesmo assim, acredito que 2022 será um bom ano. E se acreditarmos todos juntos, pode ser que assim o seja. Feliz 2022. ■