A viagem dos seniores da União de Freguesias de N. Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório num comboio especial entre Caldas da Rainha e Setúbal foi um sucesso e deixou toda a gente satisfeita: os seniores que apreciaram o passeio, os autarcas que marcaram pontos a um ano das eleições e a própria CP que respondeu ao pedido da freguesia e fez o serviço cumprindo os horários.
O presidente da União de Freguesias, Vítor Marques, pode orgulhar-se de ter proporcionado um belo passeio aos seus fregueses e de ter com esta iniciativa mostrado que é possível viajar-se sobre carris desde as Caldas da Rainha para qualquer ponto do país. Assim este autarca (e outros colegas seus) queiram repetir idênticos passeios em parceria com a CP.
Zé Povinho sabe que já em ocasiões anteriores a Junta de Freguesia contactara a CP para saber preços de viagens de comboio para grupos e a empresa simplesmente não respondia ou apresentava preços tão elevados que era um autêntico convite a não se pensar mais no assunto.
Felizmente essa falta de visão comercial mudou com a actual administração do Eng. Manuel Queiró, que conseguiu colocar a CP a transportar mais pessoas e a organizar comboios especiais para responder à procura de eventos, sejam sociais, musicais, desportivos ou até políticos. Esta viagem a Setúbal – ainda por cima sem atrasos – e a parceria com o Folio durante o qual circulará duas vezes por dias um comboio literário entre o Rossio e Óbidos, mostra que a empresa começa a olhar de outra maneira para a Linha do Oeste (apesar de haver ainda muito a fazer na melhoria da oferta regular).
Por tudo isto, estão, pois, de parabéns o autarca Vítor Marques e o administrador Manuel Queiró.
Paciência. É isso que os CTT pedem diariamente às centenas de utentes que ocorrem à estação de correios das Caldas da Rainha, onde são maltratados com tempos de espera inusitados.
Só que já não há mesmo paciência para tamanha incompetência, tanta falta de vergonha e tão mau serviço – que se pretendia público – por parte de quem administra a empresa do serviço postal universal.
Zé Povinho ouve daqui e dali que a situação tem vindo a piorar desde que os Correios foram privatizados. O que não surpreende: em vez da prestação de um bom serviço aos utentes (não se lhes pode chamar clientes porque não têm alternativa), os CTT estão agora preocupados em maximizar o lucro para obter dividendos para os seus accionistas.
Se a coisa antes não estava bem, após esta venda da empresa estatal, a coisa piorou. A distribuição já não é diária para toda a gente e tem graves falhas (recentemente uma carta em correio normal demorou uma semana de Alvorninha para as Caldas). E o atendimento ao público é, simplesmente, péssimo, sobretudo tendo em conta os elevados tempos de espera.
Espantoso é como é que nas Caldas da Rainha nenhuma autoridade local levantou ainda esta questão. Será por preconceito ideológico da maioria laranja? Afinal foi no governo do Dr. Passos Coelho que os CTT foram privatizados. E, supostamente, com os privados à sua frente, a antiga empresa pública deveria entrar nos eixos. Deveriam limpar-lhe as gorduras, cortar-lhe as ineficiências, implementar-lhe inovadores métodos de gestão e pô-la no caminho do progresso. Mas o que se assiste é ao conhecido processo do “optimização em optimização até à pessimização total”. E como não há um verdadeiro mercado dos correios em Portugal e os consumidores não têm alternativa, esta lógica da “pessimização” vai continuar a imperar.
Nas Caldas, os particulares e as empresas já só desejam que os Correios funcionem minimamente bem e que deixe de ser um desafio à paciência o ter de esperar para ser atendido no balcão de atendimento.