Tempo de pornografia comunicacional

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O pré-anunciado atentado terrorista na Faculdade de Ciências por um estudante caloiro de um curso da licenciatura de Informática gerou um fenómeno anómalo no nosso país, que deixou a maioria entre a perplexidade e o horror.
Se, por um lado, a concretizar-se, iria gerar uma situação de pânico e de medo, que se poderia estender a muitas outras instituições, tendo a sua descoberta nos deixado mais descansados, mas também tementes do que uma cabeça clinicamente afetada pode ocasionar. Por outro, a informação sobre o alegado candidato a terrorista e todo o conjunto de histórias e historietas para a preparação do atentado, que alimentaram à saciedade, tanto a criatividade de uns como a perversidade de outros, construindo uma narrativa quase inverosímil.
Misturar “Dark web” com plataforma “Discord”, inventar que uma das estratégias era atar punhais às pernas para atacar os colegas ou disparar em simultâneo de flechas através de uma besta ou afirmar que se trata de “um crime com motivações político-ideológicas e, por isso, está incluído no chamado crime de terrorismo”, como o fez um conhecido comentador político militar, deu para tudo e para todos, ao longo de vários dias. Provavelmente ainda se vai concluir que tudo se tratou de uma maquinação de uma mente perturbada, por doença do foro psiquiátrico já indiciada e que apesar de poder ter consequências reais temíveis, serviu mais para o gáudio de outras mentes perversas de alguma comunicação social. Era vê-los nos écrans a destilar, horas a fio, muitas hipóteses geradas naquelas cabeças de duvidoso siso. Não sei se não se devia exigir tratamento idêntico a todos os envolvidos, por respeito pela modesta família de um miúdo de 18 anos, atingida com tamanho massacre comunicacional.