Uma derrota é uma derrota

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Pareceu ter passado algo despercebido, na semana passada, o desaire concludente da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027 e o movimento que envolveu 26 municípios e outras instituições em torno de uma “construção” coletiva: a Rede Cultura.
A génese da candidatura, uma das 12 apresentadas no nosso país, tinha muitos méritos e há um trabalho de base que fica e pode (e deve) ser impulsionado, sendo, porém, essencial saber em que moldes será desenvolvido e para quem se destina.
Contudo, apesar do investimento efetuado, e cujas opções podem ser sempre questionadas por se tratarem de dinheiros públicos, uma derrota é uma derrota e deve haver humildade de olhar para o desfecho e tirar ilações. Enfiar a cabeça na areia ou ilustrar teorias da conspiração parece apenas servir para justificar outras coisas. E é desvalorizar as restantes candidaturas.
Mais difícil do que promover um território com uma identidade própria é promover um território que ainda se pretende vir a criar, sobretudo quando, aparentemente, essa “construção” tem, sobretudo, um significado político, mais do que cultural.
Os parceiros da Rede Cultura reúnem nos próximos dias e certamente haverá algo de concreto que pretenderão continuar a fazer em prol de Leiria e de uma região tão vasta. Mas há um “fenómeno” que costumava ser quase exclusivo dos partidos políticos e que não deveria alastrar-se a outros setores da sociedade: querer procurar transformar uma derrota ou um falhanço concludente numa pequena vitória. Porque, ao contrário do que alguns possam querer fazer crer, de derrota em derrota nunca se chega à vitória final.

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