Sandes de Courato

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Gazeta das Caldas
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História

Se o momento fundador é um marco histórico importante que a cidade conhece e reconhece, a nossa história está longe de aí se esgotar.
A permanência de D. João V e da sua corte, na então vila, foi de crucial importância para a afirmação das Caldas da Rainha como estância termal.
Muitos caldenses, estou convencido, desconhecem as implicações históricas, o profundo significado e o valor simbólico do monumento que se encontra, discreto e tão mal enquadrado, junto aos Paços de Concelho.
A passagem de refugiados, durante a segunda grande guerra, teve um contributo inestimável para o modo cosmopolita que caracterizou e diferenciou a vida social da cidade na segunda metade do séc. XX.

Na Foz do Arelho já poucas pessoas se devem lembrar de ter ouvido em crianças contar, a quem o podia fazer na primeira pessoa, as histórias dos arraiais com o Senhor D. Carlos e de como El-Rei trocava moedas de ouro por beijos com as raparigas bonitas da terra. Talvez menos pessoas ainda consigam identificar a eira onde esses bailes aconteciam e saibam que, pelas voltas do destino, esse espaço é hoje pertença da Junta.
Para além da Cidade, histórias curiosas como esta da Foz do Arelho, ou de relevância histórica, existem certamente em todas as outras freguesias e merecem ser recolhidas, documentadas e preservadas.
Caldas da Rainha não é, para os padrões europeus, uma cidade antiga e está “entalada” entre Óbidos e Alcobaça e os seus enormes pesos históricos. Não podemos desperdiçar quaisquer acontecimentos importantes da nossa memória, que possam contribuir enquanto elemento diferenciador e construtor da narrativa identitária da Cidade e do Concelho. Quanto mais história e “estórias” mais consistente e convincente ficará a marca Caldas da Rainha – com o mais antigo hospital termal do mundo.
Não vou aqui cometer a inconfidência de relatar o que se passou em reuniões da segunda comissão da Assembleia Municipal, no anterior mandato, mas quando nesta comissão se discutiu a proposta apresentada pelo PS, em 22 de Abril de 2014, para a construção de um centro de interpretação do 16 de Março a minha argumentação foi no sentido do que acima expus.
O 16 de Março é uma data histórica importante para a cidade, mas outras datas e factos merecem também relevância. A comissão foi sensível a esta linha de argumentação e o parecer emitido (este sim publico, porque consta da acta da Assembleia de 13 de Maio de 2014) foi “ (…) o parecer da Segunda Comissão é de que se proceda à recolha de materiais e contributos para a constituição, quando oportuno, de um Centro de Interpretação da História do Concelho das Caldas da Rainha, onde se deverão integrar vários núcleos, nomeadamente o de 16 de Março de 1974 em articulação com uma visão integrada do património cultural do Concelho.” Este parecer da Comissão foi aprovado por unanimidade pela Assembleia.
Republicando neste jornal o texto da proposta que em 2014 foi apresentado à Assembleia Municipal e discutido na segunda comissão, estranhamos que agora venham os Senhores Vereadores do PS levantar novamente a questão do centro de interpretação do 16 de Março, quando essa ideia já evoluiu (com o acordo também do PS) para o conceito mais abrangente de um Centro de Interpretação que traga “uma visão integrada do património cultural do Concelho”. Estranhamos também que, na Assembleia da Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, o mesmo PS apresente, como original, a ideia da criação de um centro histórico, com objectivos decalcados daqueles já aprovados pela Assembleia Municipal.
Como nota de rodapé, cabe ainda nesta crónica lembrar ao Executivo Camarário que, tal como outras, esta importante recomendação da Assembleia continua por concretizar.
João Diniz
joaodiniz@joaodiniz.pt

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