No passado dia 10 de Outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, muito se falou de saúde. Sim saúde que é um estado de bem estar generalizado, que nos permite desenvolver o nosso potencial, criar relações com significado e positivas, com sentimentos de satisfação, otimismo, autoestima e viver com significado. Parece básico, não?
Apesar de a saúde mental ainda ser vista como o parente pobre da saúde, é saúde, “mente são, corpo são”, quem nunca ouviu isto?
Tem que se falar de saúde mental, sem medos nem vergonhas. É aceitável que se comente em jeito de conversa café que se tem hipertensão arterial, colesterol, hérnias discais, mas não é assim tão bem visto quando se partilha que se tem depressão. “oh isso é falta de força de vontade, é fraqueza, é preguicite aguda”, poderão ser facilmente os comentários ouvidos.
Mas não. A depressão afeta 8% da população em Portugal. E se é certo que a tristeza é uma das emoções que compõem o nosso leque de emoções do dia a dia, estar mais de quinze dias triste, sem vontade de sair à rua, sem prazer em nenhuma atividade, sempre a ver uma nuvem negra por cima das nossas cabeças que nos domina, alterações de sono e apetite, sentimentos de culpa e inutilidade, convenhamos que não se pode considerar saudável.
Tem de se falar de saúde mental, sem medos nem vergonhas
A depressão é uma doença, pode ser diagnosticada, há tratamento (farmacoterapêutico e/ou psicoterapia), e não é um fim de linha. A sociedade tem que, de uma vez por todas, encarar as doenças mentais como um problema de saúde sério. Como se encara o cancro, ou outro sem número de doenças que às vezes dizemos baixinho. A depressão pode matar.
Por curiosidade, no relatório publicado em Junho de 2021, a Organização Mundial de Saúde tornou publico que todos os anos morrem mais pessoas de suicídio do que SIDA, cancro de mama, malária ou guerras e homicídios. Assustador não?
A ansiedade é a patologia mental mais comum, afetando 34% dos portugueses. Pânico, ansiedade generalizada ou fobias são tipos de ansiedade mais comuns do que se possa pensar. Quem nunca?
As doenças mentais não são uma fraqueza. Sentimentos como vergonha, medo e receio impedem-nos de pedir ajuda. Tem que se mudar este estigma. Tem que se falar de emoções, tem que se sentir as emoções.
Mas não se pode falar de saúde sem falar de prevenção. E a saúde mental não é exceção. Bons hábitos alimentares e de sono, exercício físico, rotinas de relaxamento, autoconhecimento, relações com significado, fazer coisas que alimentem a alma, que provoquem prazer. Todas estas práticas são uteis para aliviar ou prevenir doenças crónicas como as cardiovasculares, inflamatórias, obesidade, diabetes e situações como a ansiedade, o stress, a dor, a insónia e outros.
Não é treta de influencer no instagram. É falar de saúde. É cuidar da nossa saúde. É cuidar de nós. E se não chega, é pedir ajuda. Sem medos. ■