Costuma dizer-se que “o segredo é a alma do negócio”. No caso do Joaquim Casimiro, um dos maiores empresários portugueses radicados na América, o segredo esteve sempre na alma.
Emigrou para os Estados Unidos da América ainda jovem e fez-se homem longe da sua terra natal, a Serra do Bouro, que nunca esqueceu.
Com coragem, mas sobretudo com perseverança, concretizou aquilo que alguns chamam de “sonho americano” e conseguiu ao longo da vida fazer de cada obstáculo uma alavanca para alcançar os seus objectivos.
Na Power Concrete, a sua empresa, rasgou estradas, construiu aeroportos, ergueu edifícios e pontes. Promotor de obras públicas conseguiu ao longo dos anos criar uma marca de confiança junto das autoridades americanas, honrando sempre o nome de Portugal e a capacidade invulgar dos portugueses de se reinventarem.
Vingou-se de outros tempos em que tinha pouco e no seu caminho nunca deixou para trás ninguém com dificuldades. Apadrinhou tantas causas de beneficência que seria impossível aqui recordá-las todas. Mas será justo referir a oferta de um equipamento topo de gama para o serviço de cardiologia do hospital das Caldas da Rainha, o seu apoio incondicional na edificação do centro social Fonte Santa na Serra do Bouro, ou os vários donativos aos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha.
Quando estava na América, as saudades de Portugal fizeram com que por diversas vezes patrocinasse de forma decisiva “O Dia de Portugal”, uma das maiores festas da diáspora. Foi desde sempre o maior patrono da Associação Regional Caldense e em 2010 proporcionou a edição do livro a Décima Sétima Freguesia onde, como ele disse um dia, “O que à partida parecia difícil de alcançar, é hoje uma vitória nossa: aproximámos as Caldas da Rainha da América e até a América das Caldas da Rainha.”
O seu mérito e o seu empenho, foram diversas vezes reconhecidos, recebendo a medalha de prata do Município das Caldas da Rainha em 2002, sendo condecorado Man of the Year (Homem do Ano) em 2005, recebendo da Liga Nacional dos Bombeiros Portugueses uma das mais altas condecorações desta instituição e sendo homenageado em 2011 pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Fez da sua família a sua verdadeira razão de ser e era aí que residia a única fraqueza que lhe conheci. Pelos seus fazia tudo, pelos seus teria deixado tudo. E foi neste campo que a vida lhe reservou provas que nenhum desejaria para si. Perdeu a filha e na adversidade deu-nos a todos uma lição de devoção, de entrega e de coragem.
Com a consciência que muito fica por dizer, é impossível deixar de aqui referir que o Joaquim “Jack” Casimiro era o amigo que qualquer um desejaria ter. Para trás deixa uma obra enorme, mas sobretudo a lição de que tudo é possível e que até um menino muito pobre da Serra do Bouro se pode tornar dono de um império na América.
Um homem assim não morre…
João Carlos Costa