A semana do Zé Povinho 19/05/2017

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Eduardo LoureiroHá 50 anos estavam os doces caldenses no top do país, até pelo facto de terem sido os escolhidos para a sobremesa do Papa Paulo VI quando veio a Fátima. As cavacas das Caldas e as trouxas de ovos tinham merecido a escolha das autoridades eclesiásticas.
Os anos foram passando e como que num fenómeno quase inexplicável, emergiram e foram promovidos doces de qualidade indiscutível por todo o país, à luz da tradição conventual ou das novas apostas de doceiros.
A tradição das centenas de excursões que passavam semanalmente pelas Caldas da Rainha e estacionavam nas imediações do Hospital Termal, não foi compensada por nada e os caldenses nem deram pelo fenómeno. As poucas coisas que Caldas da Rainha ainda tem para mostrar e captar a atenção de turistas nacionais e estrangeiros, foram perdendo visibilidade e nunca foram compensadas por uma atitude das autoridades locais.
Por isso, a construção na estrada da Matoeira (freguesia de Salir de Matos) de uma nova unidade de produção de bolos – Fábrica das Cavacas das Caldas -, onde se podem encontrar as tradicionais cavacas e beijinhos das Caldas da Rainha, é uma boa notícia.
O empresário Eduardo Loureiro, que lidera este projecto, tomou também a iniciativa de alargar o seu negócio às tradicionais bolachas de baunilha, que se faziam em Turquel. Demonstrou ter olho para o mercado e arriscou. Está a investir um milhão de euros.
Zé Povinho gostaria que este exemplo não suscitasse as tradicionais invejas aqui e acolá, mas que fosse seguido por mais empresários que queiram desbravar o mercado nacional e internacional, levando aos consumidores portugueses e estrangeiros aquilo que a região tem de mais específico e que possa ter vantagens no mercado internacional, da saudade, ou da inovação.
Com iniciativas destas ao longo do país, não admira que as contas melhorem e os diabos não apareçam. E são homens e mulheres como Eduardo Loureiro que constroem esse novo Portugal, vencedor e desafiador.


notícias das CaldasO ministro da Saúde disse que viria às Caldas, mas afinal não veio. Não é de estranhar. Adalberto Campos Fernandes não tem nada para anunciar aos caldenses e por isso preferiu ficar em Lisboa. A sua atitude revela apenas elementar bom senso e prudência.
Zé Povinho lamenta, mas compreende-o. O pobre ministro deve estar mais do que farto dos grandes imbróglios do Oeste e das Caldas da Rainha no que à Saúde diz respeito. Já lhe bastam os problemas nacionais deste sector.
Nas Caldas tem um conselho de administração que o próprio nomeou e a cuja tomada de posse fez questão de estar presente, mas que em muito curto espaço de tempo se revelou disfuncional. Se os administradores mal se falam, como é que poderão, de uma forma colegial, resolver os problemas do centro hospitalar?
O ministro tem andado desesperado à procura de uma equipa – mais técnica do que política – para substituir a actual. Mas não tem tido sorte.
Por outro lado, apesar de há um ano ter prometido que o CHO passaria de Sector Público Administrativa (SPA) para Entidade Pública Empresarial (EPE), esta alteração jurídica nunca mais avança porque o seu homólogo das Finanças está a tratar o assunto com todas as cautelas.
As obras para a ampliação das urgências do hospital das Caldas, apesar de também prometidas há um ano, para serem inauguradas em finais de 2016, só agora estão em fase de concurso público.
Os precários, que tanto dão a ganhar a empresas de trabalhos temporário, continuam sem direitos, mas com os mesmos deveres dos seus colegas que estão no quadro.
E como se não bastasse, o CHO perdeu agora a sua autonomia na preparação de citotóxicos depois de Caldas e Torres terem visto fechadas pelo Infarmed as suas linhas de produção daquele produto que trata o cancro.
Perante este cenário, o que poderia o ministro vir fazer às Caldas se não tem nem uma soluçãozinha para um único destes problemas?
Mas se à última da hora e por algum milagre, o ministro aparecer nas Caldas, será (seria) bem vindo.