A Semana do Zé Povinho 23/09/2016

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BrunoHoje em dia parece que está na moda defender-se que o trabalho deve ser precário, que o outsourcing é a solução para as organizações, que os trabalhadores sem direitos serão mais obedientes e produtivos, e que a segurança no trabalho foi um erro da História, devendo estes habituar-se à ideia que o futuro é saltar de emprego em emprego, em busca de “oportunidades”.
Vem a isto a propósito da forma como alguns profissionais de saúde do CHO têm sido tratados por parte de uma empresa que presta serviços ao centro hospitalar e que faz depender o pagamento dos salários aos trabalhadores dos recebimentos do cliente (Estado).
Infelizmente, situações como estas são muito comuns e a sociedade portuguesa vai amolecendo ao ponto de poucos se indignarem e muitos as considerarem normais.
Por isso Zé Povinho releva aqui a atitude do Dr. Bruno Dias, ilustre deputado do PCP na Assembleia da República, que veio expressamente às Caldas da Rainha para se avistar com os trabalhadores em causa. Não é só o salário em atraso que os diferencia dos outros colegas do quadro: é todo um conjunto de direitos (alguns chamam-lhes “privilégios” ou “regalias”) que estes têm a menos, embora façam exactamente o mesmo trabalho que os restantes.
O Dr. Bruno Dias não perdeu tempo e prometeu questionar o governo por forma a procurar resolver esta injustiça.
Acresce que este deputado, embora eleito pelo distrito de Setúbal, tem sido um bom defensor dos interesses do Oeste, tal como se esta fosse também a sua região. Domina perfeitamente os dossiers relativos à linha do Oeste, ao Hospital Termal e à lagoa de Óbidos (só para dar três exemplos), acerca dos quais tem feito reiteradas intervenções e perguntas aos governos.
E como se não bastasse, o Dr. Bruno Dias é também um excelente tribuno, arte que Zé Povinho (talvez influenciado pelo seu criador que viveu numa época em que a oratória no Parlamento era muito apreciada) confessa admirar.

 

saraivaZé Povinho e o seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro, pertencem a uma estirpe de críticos mordazes que fizeram escola em Portugal, mas que nunca ousaram tocar na vida privada e íntima dos seus visados.
Contudo, mais de um século depois, o país vai viver nas próximas semanas um fenómeno que até agora não tinha experimentado na forma e no conteúdo, com excepção do que a certa altura se terá passado nalguns jornais que ousaram entrar nalgumas vidas privadas, mas sem o requinte de invocarem conversas privadas e testemunhos feitos em vida e que hoje não podem ser comprovados na sua veracidade pois a outra parte já não está entre os vivos.
O leitor mais atento à vida política nacional já deve ter descoberto a figura que hoje Zé Povinho escolheu: um jornalista que durante alguns anos dirigiu um dos semanários mais prestigiados a nível nacional e internacional, e que a seguir a ter sido afastado da sua direcção continuou um percurso descendente em que já tudo se espera.
Trata-se do antigo director do semanário Expresso, que depois viria vingativamente a fundar O Sol e que agora se entretém a contar em livro histórias íntimas e perversas na forma como as utiliza. É José António Saraiva, de seu nome e arquitecto de formação, cuja vaidade o fez publicar uma entrevista a si próprio em que se considerava merecedor do prémio Nobel da Literatura.
Não tendo sido ouvido pelos deuses, eis que vem cobrar as suas vinganças pessoais, narrando histórias verdadeiras ou falsas da vida íntima de algumas personalidades, movido apenas pelo ressentimento e pela degradação moral, fruto dos insucessos pessoais que se sucederam.
O livro “Eu e os Políticos” vai ser lançado na segunda-feira, mas boa parte das histórias que o compõem já correm nalguns jornais e na internet, deixando adivinhar que a sociedade portuguesa vai dificilmente esquecer esta canalhice, de quem não se esperava.
A ironia e o humor são substituídos pelo rancor e estupidez, só faltando que se venha a confirmar a presença do ex-primeiro ministro, Passos Coelho, na cerimónia de lançamento do livro. Zé Povinho julga que até à hora o actual líder do PSD ainda terá um assomo de responsabilidade e declinará o convite. Se não o fizer, virá a ser considerado conivente com tamanho dislate e desleal com o seu anterior companheiro de coligação, Paulo Portas, uma das principais vítimas do arquitecto Saraiva a quem não perdoa a concorrência no Independente.

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