Há uma rotunda nas Caldas da Rainha com uma escultura belíssima que tem por nome A Levitação de Santa Teresa de Ávila, o autor é o escultor José Esteves.
Na Primavera de 1515 nasce em Ávila Teresa Cepeda. Esta menina será para o mundo o expoente máximo da mística cristã, mulher ímpar, Doutora da Igreja, La Santa.
Teresa é uma mulher intemporal, inteligente, sensível, ousada conhece-se bem e o que a rodeia porque tem profundo conhecimento de Deus.
Lega ao mundo uma mensagem que apaixona pela “complexa simplicidade”, pela determinação com que abraça o serviço aos outros, pela forma como se deixa conduzir por Deus a quem chamada de ”O Amado”.
Excecionalmente doce mas ao mesmo tempo duma teimosia impressionante. Sabe-se conduzida por Deus, por isso, não cede a provocações nem a perseguições que lhe fazem, muitas delas vindas do interior da Igreja. As denúncias dos erros são para ser feitas apontando respostas e sobretudo rezando pelos seus opressores.
Uniu à contemplação uma intensa atividade como reformadora da Ordem Carmelita. Encerra em si a dinâmica de Maria e de Marta, a contemplação que leva à acção, fazendo jus ao nome de “Santa Andarilha” percorrendo toda a Espanha com o seu bastão peregrino.
Talvez o mais impressionante para a maioria das pessoa seja o dom da levitação, porém, o que mais me rede a esta mulher são os diálogos de profunda intimidade com Deus: “Senhor, se estou a cumprir as Tuas ordens, porque tenho tantas dificuldades no caminho? Deus respondeu-lhe: – Teresa, não sabes que é assim que trato os meus amigos? Teresa, honrando o seu génio respondeu: – Ah, Senhor, então é por isso que tens tão poucos amigos!”… Maravilhoso!
Viveu na Espanha quinhentista mas “entranha-se” na Igreja de todos os tempos. Beatificada pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizada em 1622 por Gregório XV. É a primeira mulher a quem a Igreja confere o título de Doutora da Igreja, pela mão do Santo Padre Paulo VI, a 27 de Setembro de 1970. No dia da proclamação Paulo VI rejubila: “Como é grande, como é única, como é humana e como é atraente esta figura!”
Muito haveria por dizer sobre Santa Teresa, seria bom lermos algumas das suas obras como: O Livro da Vida, Moradas do Castelo Interior ou o Caminho de Perfeição… experimentem!
Tão singular na vida como na morte perpetua o “Matrimónio Espiritual” na noite de 4 para 15 de Outubro de 1582 (noite em que o calendário foi ajustado para o Gregoriano) repetindo humildemente: “No fim, morro como filha da Igreja”.
Margarida Varela