As eleições para a presidência do PSD, no passado sábado, culminaram com a reeleição de Rui Rio para um mandato que se prevê muito importante para o futuro de um partido que tem sido assolado, ao longo de muitos anos, por divergências internas sucessivas e que têm minado a credibilidade daqueles que têm a missão de ser uma alternativa para o país.
O antigo presidente da Câmara do Porto conseguiu resistir ao assalto interno de que foi alvo logo após as últimas eleições legislativas e ganhou um novo fôlego, num partido que está verdadeiramente partido, para enfrentar os próximos combates eleitorais, sobretudo a avaliação das eleições autárquicas de 2021, que serão mais um teste à capacidade de liderança de um homem que, acredita Zé Povinho, muitos portugueses gostariam de poder avaliar como primeiro-ministro, mas que, obviamente, precisa ganhar eleições para lá chegar.
Rui Rio já provou, no passado, que é um homem de antes quebrar que torcer. Quem não se recorda das fortes divergências que teve com Pinto da Costa e o FC Porto? Também já provou que tem argumentos para rebater a política vigente no país, pois recuperou terreno para o PS na campanha das legislativas. Falta-lhe, porém, a capacidade para convencer muitos dos sociais-democratas que ainda não se conseguem rever na liderança. Mas com a vitória que obteve no passado sábado, certamente, ganhou mais margem de manobra. Supostamente, sem oferecer “tachos” a ninguém…
O grande derrotado das eleições internas do PSD foi, obviamente, Luís Montenegro, que nunca se coibiu de questionar a liderança de Rui Rio e jurou a pés juntos que era a grande alternativa para o partido voltar a ser grande. Perdeu. E perdeu por muitos, pois na segunda volta de pouco ou nada lhe valeu o “apoio” de Miguel Pinto Luz. É preciso ter azar, mas na política ainda há quem pense que 1+1 são 2 e, depois, admiram-se com os resultados nas urnas…
O antigo líder parlamentar do PSD acabou a noite eleitoral a sorrir. Como é seu apanágio, tentando disfarçar o indisfarçável mau perder. Em política é difícil alguém assumir a derrota, mas ter tantas dificuldades para dar os parabéns ao adversário é feio. Em política é preciso saber ler os resultados e daí tirar as devidas ilacções. E enfiar a viola no saco quando é caso disso. Como parece ser este o caso, em que Montenegro até conseguiu convencer pessoas que, meses antes, estavam ao lado de Rui Rio na corrida às legislativas (e aos “tachos”), a acompanhá-lo nessa missão altruísta de recuperar o PSD.
Zé Povinho espanta-se que ainda existam muitos políticos (profissionais ou não) que se admirem com o desencanto dos cidadãos com a política, pois a falta de princípios e de valores, a procura de lugares e “carreiras” tornam-se tão evidentes que as pessoas, obviamente, se afastam com facilidade das estruturas partidárias. Em política, como em tantas outras actividades, para se ser respeitado é preciso respeitar. E quando se trai alguém que, supostamente, está do mesmo lado da barricada (neste caso o partido), a credibilidade cai a pique. Os políticos (profissionais ou não) devem fazer uma reflexão profunda sobre o seu modo de estar nesta actividade tão nobre e em que o interesse de todos deveria estar acima do interesse individual.