A semana do Zé Povinho

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Zé Povinho destacou, em devido tempo, o interessante projecto desenvolvido no Espaço Ó junto da comunidade do concelho de Óbidos. O “Vamos NÓS, por SI” acaba de ser um dos 34 projectos distinguidos nos Prémios Caixa Social, uma iniciativa da Caixa Geral de Depósitos que visa valorizar iniciativas que tenham impacto real junto das camadas da população mais desfavorecida, pelo que os seus responsáveis estão, obviamente, de parabéns.
Mais do que o valor do apoio financeiro, este galardão vem valorizar o esforço daqueles que, de forma abnegada, trabalham em prol dos outros sem pedir nada em troca. E, nos tempos que vivemos, há poucas coisas com mais valor do que essa disponibilidade patenteada por mais de meia centena de jovens, que abdicam de fazer outras actividades para dedicarem um pouco de tempo aos seniores e, sobretudo, a muitos doentes crónicos, que necessitam desse apoio para tratar de assuntos aparentemente tão simples como uma ida à farmácia.
Vivemos um tempo em que muitos idosos vivem longe dos filhos e dos familiares, sem apoio directo para tarefas do dia-a-dia e, por vezes, apenas só para ter uma conversa. Daí que projectos solidários e inovadores como o “Vamos NÓS, por SI” mereça um aplauso tão enérgico. Afinal, o simples é bonito. E fazer bem aos outros deve ser um grande motivo de orgulho para todos os jovens que se têm disponibilizado para esse efeito aqui bem perto, no concelho de Óbidos.

Muito se tem falado sobre os actos de vandalismo na cidade das Caldas e que têm tido como “vítimas” alguns edifícios, muitos dos quais em boas condições, que acabam por ser alvo da atenção de certos “artistas” nas últimas semanas, sem nada que o possa justificar, a não ser alguma maldade.
Aliás, Zé Povinho escreve este texto a contragosto, porque se há figura e principalmente o seu autor, Bordalo Pinheiro, que foi contestatário e que “pintaram a manta” nas “paredes” e “redes sociais” da época foram ambos. Assim é triste que seja o próprio Zé Povinho a vir chamar a atenção aos pseudo-artistas, os “toys” na gíria do grafitti, que se limitam a sujar paredes limpas com desenhos sem qualidade e sem qualquer sentido. É lamentável que assim seja, perdendo qualquer sentido que os autores queiram emprestar a tais actos.
Numa óptica de contestação urbana, onde surgiu este movimento dos grafittis, ainda se podiam tolerar estas atitudes se o alvo fossem ruínas ou edifícios abandonados com vista a obrigar os seus proprietários ou as entidades públicas, a recuperá-los e a dar-lhe o devido uso. Mas ter estas atitudes em relação a edifícios limpos, vários com grande qualidade arquitectónica, só para dar gozo à sua frustração, não parece justificável.
Assim, é com muita pena que Zé Povinho lamenta estas atitudes de falta de cidadania, quando simultaneamente a cidade está a ser enriquecida com a criação de grafittis de grande qualidade, da responsabilidade do grupo Falu, para os quais convidou vários “King”, como são conhecidas os autores com maior notoriedade e qualidade nesta expressão artística. Esperemos que esta chamada de atenção sirva para alguns reflectirem sobre os seus comportamentos.