A Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) continua este ano lectivo com o projeto “Raízes”, em que os alunos confeccionam diversos produtos depois de aprofundarem a sua origem. Paralelamente, irá arrancar o “Afinidades”, que tem o objectivo de reforçar a interdisciplinaridade. Ligar o desporto à cozinha é a primeira proposta, mas outras se seguirão, como uma ementa com o rigor do início do século ou outra dedicada a Fernando Pessoa.
Laranja, vinho do Porto e whisky foi a combinação improvável de produtos que os alunos do terceiro de cozinha confeccionaram, no passado dia 13 de Outubro e sob orientação do chef Luís Tarenta, transformando-os num saboroso almoço. A escolha foi feita pelos jovens no âmbito do projecto Raizes, que consiste no conhecimento e confecção simples dos produtos de modo a enaltecer o seu sabor.
A laranja chegou logo no início da refeição, no amuse bouche, sob a forma de gel. Seguiu-se um creme de couve flor e o prato de peixe, onde o bacalhau foi cozinhado com vinho do Porto. Um prato incomum mas que resultou muito bem.
O desafio maior acabaria por chegar no prato de carne, onde o naco de novilho foi apresentado sem hidratos de carbono, tendo apenas por acompanhamento cogumelos e tomate.
Na sobremesa a equipa jogou com várias texturas de laranja e redução de vinho do Porto.
Uma ementa “fácil de preparar” segundo o chef Luís Tarenta, até porque os alunos ainda estão a começar um novo ano. Para a confecção destes pratos normalmente suportam-se na cozinha tradicional portuguesa e com algum recurso à cozinha francesa, onde o chef Luis Tarenta mais gosta de trabalhar, fazendo depois um jogo de técnicas, sabores e apresentações.
Alternado com o projeto “Raizes” irá decorrer o “Afinidades”, que tem o objectivo de reforçar a interdisciplinaridade na escola e as interligações entre as diversas disciplinas. Para ontem, quinta-feira, estava prevista a abordagem à alimentação para cozinha de alta competição, com a presença de Fernando Heleno, chef do Sport Lisboa e Benfica, e de alguns desportistas de alta competição. Após o almoço final decorreu um debate sobre o tema, moderado pela professora de nutrição.
No âmbito do projecto será ainda recriado o ambiente do início do século XX, inspirado na série televisiva Downton Abbey, ou um almoço inspirado em Fernando Pessoa.
Uma década de actividade
A 14 de Novembro a escola irá assinalar 10 anos de funcionamento. A primeira aula foi leccionada neste dia no polo de Óbidos e a efeméride será comemorada com uma viagem de comboio (também para enaltecer a importância da ferrovia) das Caldas da Rainha para Óbidos. Os alunos almoçam nas instalações do polo obidense e depois regressam numa caminhada. O objectivo é “incentivar modos de vida saudável e alertar para a necessidade para se construir um corredor verde entre as Caldas e Óbidos”, explicou o director da escola, Daniel Pinto.
Este ano a escola recebe também o projeto “Torna-te”, desenvolvido por Maria Cazenave Ribeiro, estagiária do Turismo de Portugal, e que se centra na potenciação das competências pessoais dos alunos.
O projeto-piloto é dinamizado com alunos do segundo ano, que no primeiro semestre farão um portfolio com as experiências pessoais que têm fora da escola, enquanto que no segundo semestre, será acompanhado no desenvolvimento das suas aptidões. Por exemplo, um aluno no primeiro semestre identifica que recupera garrafas de vinho e decora-as e, no semestre seguinte, poderá fazer um workshop sobre isso.
A decorrer na EHTO está também a Academia de Turismo Sénior, um projecto de âmbito nacional. As escolas do Turismo de Portugal devem criar uma oferta de conteúdos de animação e aprendizagem numa lógica de aprendizagem intergeracional e de convívio dos jovens com os séniores. Estes poderão participar, por exemplo num “Chá das 5”, dinamizado pelos alunos de Bar, em workshops de cozinha e doces de Natal ou cozinha saudável, ou ainda em seminários sobre turismo e línguas.
A EHTO conta este ano com 250 alunos e sete novos formadores. O caldense João Dinis, de 27 anos, é um desses casos. O sub-chefe de sala do Sana Silver Coast está este ano também na escola e está satisfeito com o desafio. “Esta dinâmica dos almoços pedagógicos é muito interessante e dá para trabalhar de diversas formas com os alunos”, destacou o jovem que tirou a licenciatura em Restauração e Catering na Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar, em Peniche.