Porque é que toda a gente mente?
No consultório deparo-me diariamente com pessoas que sofrem com mentiras. Uma ferida na confiança básica, ainda que cicatrize, deixará sempre sequelas.
É interessante saber porque é que nós mentimos – esta pode ser uma formas de superar as traições, omissões, falsidades e mentiras.
Mentir é não contar a verdade. Embora todos mintam diariamente (em casos mais graves podemos mesmo falar em mentira patológica), isso não é bom nem conduz à felicidade.
Bem sabemos que não podemos dizer tudo o que nos vem à cabeça, aplicar um certo filtro é sinal de inteligência e educação. Omitir pode ser importante em determinadas situações, para não ferir alguém, por exemplo: este vestido é bonito, não é? Fica-me bem? A expectativa do interlocutor, é, claramente, uma resposta positiva.
O objetivo da mentira, fundamentalmente as piedosas, é evitar uma resposta negativa/aversiva.
A pessoa que mente considera que é mais vantajoso dizer uma inverdade do que a verdade. A verdade pode ser sentida como algo que provocará uma resposta pior e desfavorável. Esta é a causa das mentiras. Não será melhor uma verdade dolorosa do que uma mentira piedosa?
No caso da patologia, temos dois tipos de mentirosos:
1) os que não acreditam nas suas mentiras, apenas fantasiam e transmitem essa ilusão. Acreditam que mentir é melhor do que dizer a verdade;
2) os que constroem a sua vida sobre mentiras nas quais acreditam, neste caso podemos estar no domínio de uma perturbação psicológica grave.
Posto isto, a mentira é comum, está por toda a parte e é dita milhares de vezes. No entanto, não devemos fazer nada que não gostaríamos que o outro fizesse connosco. Assim, a verdade é fundamental para a estabilidade da nossa consciência.
Que seja este o ano da clarificação e tranquilidade da nossa mente
Bom ano