Sem surpresa, a escolha das listas de candidatos a deputados tem suscitado polémica interna nos partidos, embora seja um assunto que parece passar ao lado do comum dos cidadãos. Talvez porque nestas coisas da política há sempre quem ambicione lugares, faça alianças ou opte por taticismos que podem trazer benefícios a curto ou médio prazo. São os chamados “aparelhos” a funcionar.
Não viria mal ao mundo, ou neste caso ao distrito e ao país, se essas escolhas assentassem, sobretudo, em critérios relacionados com a competência, curriculum e experiência política. Tal como, de resto, aconteceu nos primeiros anos da democracia, quando o Parlamento dispunha de um naipe de deputados de grande craveira e que não precisavam da política para sobreviver.
Acontece que, tirando algumas honrosas exceções, pouco se conhece a uma boa parte daqueles que terão a incumbência de representar os eleitores do distrito na Assembleia da República, para além dessa grande virtude: a lealdade para com quem manda. Esse parece ser o cartão de visita mais que suficiente para lá chegar. É pena que assim seja.
Num tempo de tão grandes desafios, precisamos de políticos com visão, determinação e preparação. E não de fiéis escudeiros. Precisamos de quem tenha provas dadas nas organizações, sejam empresas ou associações, que procurem fazer diferente e, mesmo correndo o risco de falhar, possam ousar.
Há uma enorme falta de meritocracia na política local, regional e nacional. Mas os grandes culpados são aqueles que, tendo capacidades e competência, não se disponibilizam para ir à luta. E, assim, perdemos todos. ■