Correio dos Leitores

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O Centro de Saúde e as injecções ao fim-de-semana

Após o aparecimento de um problema de saúde que se prolongava há mais de um mês, e após consulta médica especializada para a minha doença e em último recurso  na tentativa de evitar uma cirurgia, foi-me prescrito pelo especialista entre outros medicamentos, injectáveis diários, os quais me eram ministrados pela senhora Enfermeira do Centro de Saúde de Caldas da Rainha área da minha residência.
Tudo corria bem, mas com o aproximar do fim-de-semana, qual é o meu espanto quando me é informado pela senhora Enfermeira de serviço que não poderia levar os injectáveis naquele centro durante o fim-de-semana porque, por norma interna, só eram ministrados antibióticos que não pudessem ser interrompidos durante o fim-de-semana. Após breve diálogo com a mesma, e salientando o que estava prescrito pelo médico na folha de tratamento (injectáveis diários), a mesma me informa que não tinha importância a interrupção ou então se os quisesse levar, deveria dirigir-me às Urgências do Centro Hospitalar Oeste Norte, o que, no meu bem entender, e estando um centro de saúde em funcionamento, não era um problema para me dirigir às urgências de um Hospital, sabendo todos nós como as mesmas estão super lotadas e na maior parte dos casos que nem sequer são urgências.
No sábado, dia 27 de Novembro, para prosseguir com os tratamentos que me estavam prescritos, dirigi-me novamente ao Centro de saúde atrás aludido levando comigo a prescrição médica (injectáveis diários). A senhora Enfermeira de serviço recusou-se a prestar-me os cuidados médicos porque a norma interna assinada pela senhora Enfermeira Chefe só permitia pensos e antibióticos que não pudessem ser interrompidos durante o fim-de-semana. Mostrei a prescrição dos injectáveis que eram para ser ministrados diariamente, não tendo a senhora Enfermeira se importado com o mesmo, baseando-se que a norma estava escrita na porta.
Saliento o facto que nessa altura não havia outros utentes para serem tratados/atendidos. Acabei por me ir embora dizendo-lhe que a mesma passou cerca de  dez minutos  a explicar uma norma que ia contra a prescrição médica quando, se me tivesse prestado os cuidados médicos necessários, teria gasto em tempo cerca de dois minutos.
Perante esta situação pergunto:
1. Não sendo prestado estes tipo de cuidados médicos no centro de saúde, é caso para os utentes se dirigirem às Urgências de um Hospital só e somente devido a uma norma interna assinada pela senhora Enfermeira Chefe?
2. Onde os utentes se dirigem perante estas situações?
3. A senhora Enfermeira tem competências para ir contra a prescrição médica dizendo que os injectáveis podiam ser interrompidos durante o fim-de-semana?
4. O desempenho profissional da senhora Enfermeira foi o mais correcto, ou será que só podemos estar doentes e ter cuidados médicos durante a semana?

Luís Bernardino

NR – Gazeta das Caldas pediu esclarecimentos ao Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte (ACES), tendo o seu director clínico, António Romão, feito chegar à nossa redacção uma explicação da enfermeira Helena Cunha sobre este assunto, que a seguir transcrevemos:

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Depois de várias tentativas para identificar o utente Luís Bernardino, que na sua carta não refere nenhum dado preciso, concluo tratar-se de um utente inscrito na USF Bordalo Pinheiro do ficheiro do Dr. Lucilino.
A norma afixada na porta da Consulta Aberta teve como origem a redução do horário de funcionamento da mesma e porque frequentemente vinham utentes de outros Concelhos sem indicação escrita, mas apenas porque verbalmente os orientavam para aqui.
Por estes factos esta norma tem como objectivo a necessidade de agendar prioridades de atendimento, nunca pondo em causa as prescrições médicas.
Na altura foi solicitado a todos os médicos que ao prescreverem injectáveis diários mencionassem se incluía fins de semana, o que não tem acontecido.
Contudo, creio que também nestas situações deve imperar o bom senso e por esse facto foi solicitado por mim, a todas as enfermeiras que avaliem todas as situações de tratamento e em caso de necessidade agendem na Consulta Aberta, com hora marcada e aí coloquem a respectiva guia de tratamento, ou enviem pelo utente (no caso das Extensões) carta de enfermagem de forma a dar continuidade aos tratamentos e efectuar os registos necessários.
Apesar dos agendamentos, há ainda a salvaguardar situações de primeira vez enviadas pelo Hospital e o trabalho decorrente da própria Consulta Aberta.
No caso concreto deste utente, tratava-se de anti-inflamatórios em final de tratamento, não referenciado pela USF e prescrito por um médico particular.
Questionei a Enf. Manuela, responsável da USF Bordalo Pinheiro, que confirmou não ter orientado este utente para vir ao fim de semana por entender que o seu estado clínico já não o justificava.
Reafirmo que não é prática das enfermeiras alterar as prescrições médicas, contudo considero necessário alertar os médicos para estas situações a quando das prescrições, porque é forçoso estabelecer prioridades por falta de capacidade de resposta a todos os utentes aos fins de semana e feriados.

Helena Cunha

Festas em Santa Catarina

As festas dedicadas à padroeira de Santa Catarina tiveram inicio no dia 21 com a realização de um concerto memorável onde a Banda Filarmónica Catarinense e a banda Recreativa Portomosense acompanharam o Coro da Paróquia de Santa Catarina, o Coro S. Miguel do Juncal, o Coro da Universidade Sénior de Alcobaça, o Coro “Calçada Romana” Alqueidão, o Coro “Vila Forte” Porto de Mós e o Coro “Guadie Vitae” Mira d´Aire. (…)
No seguimento das comemorações, o dia 25 foi coroado com a missa solene dedicada a Santa Catarina, terminando esse dia com um jantar de papas e sardinhas que foi muito participado. Na sexta e sábado a festa continuou com os jantares sendo a noite finalizada com actuações musicais.
Os festejos terminaram no dia 28 com a realização de uma missa seguida de uma procissão que percorreu algumas artérias da Vila de Santa Catarina onde os estandartes de todas os padroeiras das várias capelas da freguesia acompanharam a imagem de Santa Catarina onde o Sol fez questão de abrilhantar a cerimónia.
No Centro Pastoral a tarde iniciou-se com um almoço muito participado e onde pelas 16 horas se deu inicio à tarde musical com mais uma brilhante actuação do Rancho Vale Choupinho, continuando com a actuação do grupo de cavaquinhos “Os Farras” mais uma vez o maestro Bruno Santos presenteou a população de Santa Catarina com um conjunto de entusiastas pela musica que contagiou todos quantos assistiram. Os festejos terminaram, após o jantar com a actuação do organista David Germano.
Esperemos que para o próximo ano possamos assistir a espectáculos iguais e com a comodidade já possível que nos proporciona o Centro Pastoral, para o qual reverte todos os lucros das festas mas que ainda precisa de muito para nos dar a todos comodidade mas acima de tudo orgulho nesta obra.

Hélder Nunes

Continua à espera da carrinha dos Capristanos

A vida é um mistério, não é um negócio. O sacristão de Santa Catarina morreu mas continua à espera da carrinha dos Capristanos. A encomenda de 400 partículas para a missa campal não veio na carreira das sete e vinte; foi preciso o Vítor trazê-la de propósito. Vem na curva da Forca. Nas Caldas o Guimarães marca os desdobramentos para Peniche e Atouguia da Baleia. Se a vida fosse um negócio e não um mistério, o Álvaro teria trocado a sua pela do filho Zé Carlos em 1989 naquela manhã de domingo. Fui eu o padrinho que na pia baptismal lhe segurei a caixa dos santos óleos, tal como já antes tinha segurado ao Luís e ao Fernando. O Zé Carlos teria hoje 41 anos, poderia ter emigrado para a Suíça como o Luís ou vendido arcas congeladoras como o Fernando, poderia ter casado e continuado a ser aquilo que todos nós somos mesma quando não parece – navalheiros numa terra de oficinas de cutelaria. A Milu que agora cantou na missa de corpo presente foi a mesma que lhe fez as últimas contas do empregado Zé Carlos em 1989. Presidiu o padre Joaquim Nazaré e concelebrou o padre Maximino mas não vi os padres da nossa terra que ele tanto ajudou a preparar as missas novas nos anos 60. Mas vi o Henrique do Carvalhal. A vida é um mistério, não é um negócio. Sei que o Álvaro tem andado às quartas de milho de casa em casa, saco cheio, na tulha vai subindo devagar mas há quem dê sete e quinhentos em vez do milho. Quando os fregueses dão dinheiro o sacristão fica a perder porque cada quarta de milho são oito escudos. Na sexta-feira doirada pelo sol, o pão de milho que comi na Taberna do Manelvina sabia ao milho das quartas da côngrua do sacristão de Santa Catarina.

José do Carmo Francisco

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