SANDES DE COURATO | Crónicas de Bem-dizer

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Gazeta das Caldas
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Nasci caldense, por lotaria genética, sorte ou fado.
E, pelas voltas da fortuna, as escolhas que fiz ou que por mim fizeram, moro em Caldas.
Se não tivesse nascido em Caldas, se pudesse fazer as minhas escolhas sem constrangimentos, escolheria esta cidade para viver? Coloquei essa questão a mim mesmo há alguns anos atrás e a resposta foi, muito provavelmente, não. Estou quase certo de que, se não fosse caldense, também não escolheria aqui viver. Perante esta evidência, eventualmente chocante, diversas atitudes havia a considerar: aquela por que optei foi, de acordo com as minhas capacidades, conhecimento e disponibilidade, trabalhar e contribuir para tornar esta cidade e concelho num local onde seja bom viver, perseguindo uma visão de cidade amigável, inclusiva e eficiente. Foi por ter optado por esta posição, de participação construtiva, que aceitei no mandato anterior ser candidato e posteriormente fazer parte da Assembleia Municipal e é por essa mesma razão e objectivo que agora aceito com gosto o convite da Gazeta das Caldas para integrar o novo painel de cronistas.
Uma palavra para os outros colaboradores deste painel: é uma honra e um desafio fazer parte deste grupo. Faço votos para que venhamos a protagonizar momentos de franco contraditório e elevada discussão de ideias num descomplexado exercício de cidadania.
Faço também votos para que o ano que acabou de entrar seja um ano de boas concretizações para todos os munícipes, com uma nota especial para os leitores desta coluna.

Na crónica inaugural creio fazer sentido apresentar aquelas que serão as linhas orientadoras da minha colaboração nesta coluna. Jason Brennan (autor a que muito provavelmente regressarei) define a existência, em democracia, de três tipos de cidadãos: os hobbits que preferem viver as suas vidas sem se interessarem por política; os hooligans cujas opiniões políticas fazem parte da sua identidade, que se orgulham das suas ideias e tendem (tal como os hooligans no desporto) a ter pouca consideração por quem tem pensamento diferente; e, finalmente, os vulcanos, aquelas pessoas que pensam de forma científica e racional sobre a política.
Embora caracteristicamente, quem tem actividade política tenda a estar mais próximo daquilo que Brennan classifica como hooligans, o meu primeiro compromisso para com os leitores é que farei sempre o exercício da objectividade e da racionalidade, vou tentar ser mais vulcano e menos hooligan nas análises à política local. Defenderei as minhas convicções, independentemente do “alinhamento” das mesmas relativamente ao enquadramento ideológico da minha família política.
Li um dia que as pessoas desprendidas discutem ideias, as normais, acontecimentos e as mesquinhas discutem outras pessoas. O meu segundo compromisso – prometo não ser mesquinho.
Escolhi para este primeiro texto o titulo “crónicas de bem-dizer” porque me anima o desejo de, nas semanas futuras, ter motivos para elogiar medidas e acontecimentos que contribuam para melhorar a cidade e o gosto e orgulho dos seus habitantes em aqui viver. Quanto ao nome escolhido para esta coluna “sandes de courato” é uma história que fica para outra ocasião.
João Diniz
joaodiniz@joaodiniz.pt

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