Dois hipermercados nos terrenos da Secla

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Comprem terra que já não se fabrica. É uma máxima atribuída a Mark Twain. Por isso a solução está na preservação e no bom uso da que temos.
Isto a propósito da construção de mais dois hipermercados nos terrenos da Secla. Não estamos a falar de lojas de proximidade, mas em grandes áreas comerciais.
É normal os consumidores deslocarem-se para estes centros comerciais em transportes próprios. Assim sendo, a construção de tais centros faz-se habitualmente em zonas de baixa densidade populacional, em terrenos de baixo valor e, sobretudo, sem descaracterizar os centros citadinos.
Aqui nas Caldas da Rainha pensa-se doutra forma.
É pena.
Eu compreendo que não é função da câmara avaliar a rentabilidade do investimento; se os investidores acham que há lugar para mais espaços comerciais deste tipo, que invistam.
Mas “onde” constróem já é responsabilidade da câmara.
Numa perspetiva de que a câmara deve ser um catalisador e incentivador de negócios, não lhe cabe impedir o investimento, mas deve fazer tudo o que está ao seu alcance para que ele se realize num local próprio.
Há vários terrenos na cidade, ou nos seus limites, possivelmente alguns camarários, que se adaptam perfeitamente a esta situação, libertando assim os terrenos da Secla para uma utilização mais nobre.
Uma utilização que valorize e potencie o que existe de bom e caracteriza a cidade.
Cabe à câmara, como gestora do espaço urbano, definir o desenvolvimento da cidade. Dizer que aceita o projecto porque se não o fizer o promotor vai investir noutro concelho é demissão das suas responsabilidades.
É função de um gestor ter uma função activa na defesa dos interesses que representa.
Aceitar aquilo que outros lhe propõem como neste caso ou o da vontade de abdicar da Casa da Cultura e do Céu de Vidro não constitui, quanto a mim, defesa dos interesses dos munícipes. Era suposto a recuperação dos Edifícios do Parque serem uma mais valia para a cidade sem que tal acarretasse cedências deste tipo. Já agora as três reentrâncias de terreno, hoje vedado, que dão para o parque vão-se manter na posse do parque ou do hotel? E se a utilização for do hotel os caldenses vão continuara a poder circular à volta do lago ou ficarão apenas com direito à margem fronteira, da casa dos barcos?
É que pelo caminho que isto está a tomar é bom sabermos o que nos espera no futuro.

José Manuel Sequeira Rego da Silva

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