Museus caldenses: um caso perdido, ou uma oportunidade por explorar?

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Museu Barata Feyo

Nas últimas semanas lancei-me no empreendimento de visitar os esquecidos museus das Caldas. Devo dizer que tive uma agradável surpresa. Os museus são, regra geral, sítios agradáveis, com espólios bastante interessantes, sem serem opulentos ou maçadores. As coleções, por norma, dão uma ideia bastante detalhada sobre os artistas que representam e até é surpreendente a pouca visibilidade que têm.
Quando pensamos que temos o espólio de artistas que realizaram obras como a estatua do Padre António Vieira em Alvalade, O Padrão dos Descobrimentos, e vários trabalhos para a Exposição do Mundo Português (1940), temos de concluir que nem sabemos a sorte que temos. Infelizmente, o staff é insuficiente, o que faz com que até agora tenha sido impossível visitar o museu Barata Feyo ao Domingo.
Um importante facto salta à vista. Houve por parte da Câmara das Caldas a aparente ambição de ter uma coleção alargada no que concerne à escultura. Assim se justifica que o espolio de artistas como Leopoldo de Almeida e Barata Feyo tenham vindo parar às Caldas. Excelente ideia, diga-se, e que espero que seja para alargar.
A execução é que está a ser menos conseguida. Infelizmente, a colocação das coleções em edifícios separados faz com que seja necessária uma pessoa na receção de cada edifício. Se tivéssemos um grande museu de escultura, este problema desaparecia e o staff, curto para cada um dos museus, daria maior folga para gerir um único museu.
A adoção do modelo descentralizado, quem sabe por razões contratuais, ou simplesmente, pelas circunstâncias, é uma pena. Um grande museu de escultura de âmbito nacional poderia ser muito mais fácil de promover e criava muitas sinergias.
Mas existem alternativas. O espaço onde convivem os museus Antonio Duarte, Leopoldo de Almeida, João Fragoso (fechado e sem data prevista de reabertura) e Barata Feyo pode ser modificado de modo a ter uma entrada única, libertando o staff para outras tarefas. A tecnologia também pode dar uma ajuda, através de sistemas que permitam não necessitar de pessoas permanentemente a monitorizar os visitantes.
Assim poderia ser criado algo como, por exemplo, o Espaço Nacional de Escultura (ENE) nas Caldas da Rainha. O ENE poderia ser promovido a nível nacional e internacional como uma marca. Eventualmente, um impacto positivo poderia até atrair outras coleções, fazendo definitivamente das Caldas a capital da escultura em Portugal. O Tripadvisor agradeceria com certeza.

Nelson Alves