Antes de mais quero dizer que náo é minha intenção ofender nem provocar ninguém. Sou natural das Caldas, nascido na rua Victor Fróis. Vivi muitos anos no estrangeiro e tive a felicidade de poder visitar meio mundo. Mas o que me leva pedir que seja publicado este meu alerta é que depois de a cidade ter crescido tanto em todos estes anos em que a conheço, com muitos e variados melhoramentos e quase outros tantos atropelos ao património municipal, verifica-se que foram construídos alguns pavilhões desportivos e associativos, um centro cultural, cinemas, supermercados, alguns bairros novos, alguma indústria aparece e outra desapareceu. Mas, no essencial, as Caldas não têm tido grandes melhoramentos, com muitos passos de caranguejo no que toca à Mata do Hospital ao Hospital dos Banhos, ao Hospital regional e demasiados no Parque D. Carlos I.
A área de silvicultura (excepto o eucaplitpo) e os espaços verdes, em vez de crescer, têm diminuído no últimos 70 anos. Não foi criado um único espaço verde ou parque, o Pinhal da Câmara, grande espaço de pinheiros (pertença da Câmara como o nome indica) actualmente está morto e deu lugar a espaços industriais (alguns estranhamente encerrados ou até abandonados), e o pinheiro (Pinus marítima) deu lugar ao malfadado causador de tantos negócios por explicar em Portugal e grande causador de incêndios – o eucalipto.
O Parque D. Carlos I é a minha grande inquietação pois em todos estes anos nunca se sabia de quem era a gestão. Agora sabe-se finalmente que o actual gestor é a Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, os melhoramentos não se vêem. A degradação é constante, as variadas feiras só têm contribuído para tal, o Salão Ibéria desapareceu para não mais voltar, o antigo jardim das rosas mete dó, as árvores muito poucas são identificadas e a escolha de uma explicação tão longa não foi a mais indicada (bastava uma simples placa de alumínio pregada no tronco com o nome português e o nome científico, nada mais). Algumas espécies raras vão desaparecendo sem se ver uma renovação condicente, como são os casos da Melaleuca quinquenervia e do Eucalyptus ficifolia. Algumas árvores metem dó pois umas necessitam de poda, outras de tratamentos contra os líquens. As alfarrobeiras, então, estão uma lástima e as únicas novidades em relação aquilo que eu conheci em pequeno no parque são as Magnólias junto aos barcos e a Gravelea robusta. Para cúmulo, algumas pessoas levam os cãezinhos a passear sem trela e não recuperam as fezes dos seu fiel amigo. Eu próprio já presenciei tal situação.
A mata dos Loureiros (Martins Pereira) deveria ter sido aproveitada para um novo jardim público, mas ninguém se lembrou ou teve a coragem. Alguns terrenos na Zona Industrial que ainda são pertença da Câmara também serviam para tal e até as Águas Santas. Mas, estranhamente, ninguém fala nesse tipo de projectos. Porquê?
Este assunto deveria merecer um pouco de atenção de quem supervisiona (haverá alguém que o faz), dirige e administra a questão do ambiente nas Caldas da Rainha e os partidos com assento ou não, aqueles que se proclamam defensores do ambiente, deveriam agitar as águas.
Casimiro Nascimento