Zé Povinho conheceu esta semana a designer de moda Daniela Pais e encantou-se com o trabalho de pesquisa que efectuou na Holanda, no seu mestrado de Design Humanitário e Sustentável e que lhe serve de base para construir as suas peças de vestuário multifuncionais que cria a partir de tecidos ecológicos.
As peças de Daniela, onde a designer aplica a máxima “cortes mínimos e uso máximo” são feitas em materiais como alpaca, algodão orgânico, cânhamo ou cupro (feito com fibra de algodão) e neste momento já são comercializadas em várias lojas da Alemanha, Suíça e Áustria.
Nas Caldas, estas especiais peças de vestuário podem ser adquiridas on-line à própria designer ou então podem ser experimentadas na Loja Sr. Jacinto, uma retrosaria de características originais, que é em simultâneo uma galeria e uma concept store e tem feito um trabalho de verdadeiro serviço público ao dar a conhecer o trabalho artístico e de design de tantos jovens autores, como é o caso de Daniela Pais.
Esta última autora, já galardoada com o Prémio Nacional de Design em 2002, por ter criado uma original mala, escolheu as Caldas da Rainha para viver com a sua família – marido e três filhos – e também para trabalhar pois é a partir da cidade termal que vai continuar a dar largas à sua criatividade e a fazer crescer a sua marca Elementum.
Aqui está um caso exemplar de uma portuguesa que regressa ao seu país, com um projecto empresarial e know how inovador que vai permitir subir na cadeia de valor uma vez que se dedica a criar artigos com maior valor acrescentado.
Se não existisse era difícil ser inventado assim como é. Zé Povinho está a falar, como o leitor deve já ter calculado, do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, que desde há alguns meses se debate com uma ameaça da aplicação de um processo de impeachment.
Ao longo dos meses Trump foi ameaçado pelas suas ligações ínvias com o poder russo, bem como das suas anormalidades quanto aos procedimentos financeiros e fiscais, mas nunca os democratas na oposição tinham arriscado o processo de destituição, uma vez que sabiam que seria travado imediatamente no Senado, instância com o poder de julgar e onde os republicanos detêm uma maioria absoluta.
A oportunidade foi-lhes servida de bandeja, em finais de Setembro, quando funcionários dos serviços secretos na Casa Branca, denunciaram um telefonema que o Presidente dos EUA tinha feito em Julho para o Presidente da Ucrânia recentemente eleito, sugerindo-lhe uma investigação sobre os seus adversários democratas para as eleições do ano de 2020, a troca da entrega dos financiamentos para a defesa do país e de uma audiência na Casa Branca.
O impensável parece que aconteceu, confirmado depois pelas inquirições na Câmara dos Representantes a importantes funcionários da diplomacia americana, alguns mesmo próximos e nomeados por Trump para lugares relevantes, e que confirmaram tudo.
Em contrapartida, Trump ataca, ofende, desmente, chama de mentirosos, desdenha, dá entrevistas inacreditáveis, sabendo que isso alimenta a sua base eleitoral e que desmente as verdades, como se tudo fosse fakenews, mas desta vez comprovadas textualmente.
Zé Povinho não sabe como tudo isto terminará, sabendo que para atingir os seus fins, Trump não desdenha inculpar o vice-Presidente Pence, que o poderia substituir, criando ainda mais dificuldades à concretização da destituição.
Para Zé Povinho tudo parece claro, apesar de não ter a certeza se no final, Trump não vai ser beneficiado uma vez mais, mas para aqueles que elogiavam a democracia americana como um regime de “checks and balances”, ou seja, de pesos e contrapesos, parece que a coisa não é tão certa. Afinal para o Zé Povinho já não são aquela democracia tão exemplar como parecia.