
Nos tempos que correm em que as crises económicas e sociais se têm agravado, o papel desempenhado pelas associações empresariais é cada vez mais difícil.
Por um lado, o associativismo em Portugal é cada vez mais complicado, até porque para a grande maioria dos empresários o tempo que dedicam às respectivas empresas é insuficiente, quanto mais terem disponibilidade para o trabalho em comum com outros empresários e em muitos casos seus concorrentes.
Por outro lado, os benefícios que dantes as associações contavam por parte dos fundos comunitários são cada vez mais reduzidos, pelo que o trabalho associativo torna-se por vezes um pesadelo.
Apesar disso, a AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste -, criada há 35 anos, tem mostrado uma invejável combatividade e uma elevada participação na vida regional, apesar de não pertencer às redes associativas mais bem colocadas junto do poder central.
Zé Povinho tem apreciado a missão que esta associação tem desempenhado no Oeste, ainda por cima por se ter mostrado sensível à preocupação de discutir em público problemas e temas não exclusivamente corporativos, como ocorreu no seu aniversário. A AIRO aproveitou para propor aos seus associados e convidados, num jantar tertúlia de convívio, uma reflexão com o tema “Por um mundo mais justo e feliz”, a par de uma homenagem a António Guterres, recentemente escolhido para secretário geral da ONU e que se distinguiu a nível mundial nestes anos por idêntica preocupação.
Está pois de parabéns a presidente da AIRO, Dra. Ana Maria Carneiro Pacheco, pelos 35 anos de vida da associação e pela dinâmica que tem sabido emprestar também às entidades onde participam.
O mundo ainda não se recompôs dos inesperados resultados das eleições nos Estados Unidos da América. A vitória em delegados (que não em votos) para a eleição do Presidente, ocorrida na passada semana, constituiu um balde de água fria para quase todo o mundo, e razão de euforia para os apoiantes (muitos envergonhados) de Donald Trump, o candidato improvável que conseguiu contra tudo e contra todos vencer.
A elite intelectual, artística, política, mesmo jornalística norte-americana, foi vencida por uma candidatura populista, ignorante no tocante aos temas da alta política federal e internacional, malcriada. No entanto, conseguiu estruturar um discurso popularucho que foi sensível aos interesses e desejos dos deserdados pela sorte do sonho americano, muitos deles pertencentes ao operariado industrial que viu deslocalizarem-se as fábricas, para além dos renitentes nacionalistas e ultraconservadores dos estados mais afastados do mundo das novas tecnologias e da web.
O milagre em que quase ninguém acreditava (as sondagens nunca lhe deram claramente vantagem), acabou por acontecer. E seu grande vencedor quer agora pôr em causa os grande avanços económicos e sociais da terra americana e deseja rever essas normas para o regresso à velha ordem do passado, quer nos costumes, quer nas questões sociais e no uso livre das armas de fogo.
Zé Povinho tem a calma provecta de quem já viu demais, mas não tem confiança suficiente no Presidente que está mais ligado ao símbolo do Tio Sam arbitrário, pistoleiro e pouco sensível ao concerto das nações e ao multilateralismo. Pobre América do Tio Sam.